Angoera, Angüera ou Generoso. Espírito amistoso que habita os pampas gaúchos. Angoera foi um índio guarani, de porte atlético, muito valente e corajoso. Era, no entanto, sisudo, tristonho e taciturno. Serviu como guia para os padres missioneiros ao virem do Uruguai. Mostrou-lhes os melhores sítios e auxiliou-os na construção de todas as igrejas dos Sete Povos das Missões. Os jesuítas o batizaram com o nome de Generoso. Após o batismo, seu temperamento mudou totalmente, tornando-se alegre, folgazão, doido por cantos e danças.
Certo dia, chamou o padre, confessou-se e morreu. Seu cadáver manteve a mesma fisionomia feliz que possuía em vida. Todos choraram sua morte, pois era muito estimado. Devido a alguma razão desconhecida, virou um fantasma. Desde então, sua alma se diverte pelo mundo, estalando o forro dos tetos ou as tábuas do assoalho, vibrando as cordas da viola, tremendo a chama das candeias e assobiando pelas frestas de portas e janelas.
Muitas vezes, sua presença é sentida nos bailes em forma de um sapateado ao ritmo da viola. Ninguém o vê, só suas pisadas são ouvidas. Outras vezes, sopra os seguintes versos -- sempre os mesmos -- no ouvido dos cantadores:
Eu me chamo Generoso
Morador em Pirapó
Gosto muito de dançar
Co'as moças, de paletó
Na língua guarani, angoera, significa o espectro, a alma penada, que não foi para o outro mundo e assalta os viajantes, assombrando-os. Contudo, o fantasma de Generoso não assusta ninguém e age mais como um velho amigo que vem visitar seus camaradas.
A história oficial é, na maior parte das vezes, construída somente sob o ponto de vista dos vencedores. Nessas situações, a memória dos derrotados refugia-se em lendas, mitos e causos. O mito do Angoera -- espécie de versão pacífica de Sepé Tiaraju -- é testemunha do episódio histórico de importância fundamental na formação do Rio Grande do Sul e construção da identidade gaúcha: os Sete Povos das Missões.
Chapeu de Sol[]
Em alguns contos dizem que ele costumava usar um guarda-sol de cabeça semelhante a um chapéus capaz de fazer grandes chuvas,
Referências[]
- Luís da Câmara Cascudo. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954
- Luís da Câmara Cascudo. Geografia dos mitos brasileiros. 2ª ed. São Paulo, Global Editora, 2002, p.254-256
- Mário Corso. Monstruário; inventário de entidades imaginárias e de mitos brasileiros. 2ª ed. Porto Alegre, Tomo Editorial, 2004, p.97-98
- Augusto Meyer. Guia do folclore gaúcho. Rio de Janeiro, Ediouro, sd, p.15-16
- https://nuhtaradahab.wordpress.com/2010/page/115/