Atena ou Atená (do grego Ἀθηνᾶ, Athēnâ, ou Ἀθήνη, Athḗnē), chamada pelos dóricos Ἀσάνα, Asána, é a deusa grega da bravura, da sabedoria e dos trabalhos femininos, cujo nome pode estar relacionado com o proto-indo-europeu *atta, "mãe". Os romanos a sincretizaram com sua deusa Minerva. Sua ave predileta era a coruja, simbolo de reflexão que domina as trevas e sua árvore favorita era a oliveira. Era descrita como alta, de traços serenos, mais solene e majestosa que bela. Era sempre descrita como de olhos garços (de cor clara, azul, verde ou cinzenta), característica considerada fisicamente pouco atraente por gregos e romanos.
Uma tabuinha em linear B, datando de 1500 a.C., menciona uma Atana potinija, antecipando-se em sete séculos à pótnia Athênaíê ("Atena Soberana") de Homero e sugerindo que ela era já a senhora das cidades em cuja Acrópole figurasse o seu Paládio.( vc tem como editar nesse site não é seguro)
O nascimento de Atena[]
[[Imagem:GoltziusMinerva.jpg|right|thumb|300px|Minerva.
Segundo a versão mais conhecida do mito, narrada por Hesíodo e enriquecida por detalhes acrescentados por Píndaro e Estesícoro, Zeus estava em guerra com os Gigantes, quando sua primeira esposa, Métis, ficou grávida. A conselho de Urano e Gaia, o senhor do Olimpo a engoliu pois, segundo a predição de seus avós se Métis tivesse uma filha e esta um filho, o neto arrebataria de Zeus o poder supremo.
Completado o período de gestação, Zeus começou a ter uma dor de cabeça que por pouco não o enlouquecia. Não sabendo de que se tratava, ordenou a Hefesto, o deus da forja, que lhe abrisse o crânio com um machado. Executada a operação, Atena saltou da cabeça do deus, vestida e armada com uma lança e a égide e dançando a pírrica, a dança de guerra dos gregos.
Tão logo saiu da cabeça do pai, Atena soltou um grito de guerra e se engajou a seu lado na luta contra os gigantes, matando a Palas e Encélado. O primeiro foi por ela escorchado e da pele do mesmo foi feita uma couraça. Quanto ao segundo, a deusa o esmagou, lançando-lhe em cima a Ilha de Sicília.
Nessa versão, o nascimento teria se dado às margens do lago Tritônis, na Líbia, o que explicaria um dos muitos epítetos da deusa: Tritogenéia.
Outras versões do mito dão Atena como filha de Posêidon e uma ninfa da Líbia chamada Tritônis. Segundo Heródoto, ela teria se zangado com o pai e ido a Zeus, que a adotou como sua própria filha. Apolodoro conta ainda que Tritão a educou junto com sua própria filha, Palas, que foi sua melhor amiga e companheira até que Atena a matou acidentalmente.
Outra versão faz Atena filha do próprio Palas, gigante alado que ela veio a matar por tentar violar sua castidade. Depois usou sua pele como égide e pôs as asas do gigante morto nos seus pés.
Palas e o Paládio[]
O epíteto ritual Palas, aplicado a Atena, era atribuído, conforme diferentes versões, ao nome do gigante por ela derrotado na Gigantomaquia (pai da própria Atena, em certas versões), a uma jovem companheira da deusa morta acidentalmente pela mesma, ou a uma irmã ou irmã adotiva (em versões nas quais Tritão é pai ou padrasto de Atena). Fosse quem fosse Palas, Atena teria adotado seu nome (Παλλάς Άθήνη, Pallás Athênê) e fabricado, em seu nome, o Paládio.
O Paládio era uma pequena estátua de pé, com a rigidez de um xóanon, isto é, de um ídolo arcaico de madeira, ao qual se atribuía a virtude de garantir a integridade da cidade que o possuísse e lhe prestasse culto. Muitas pólis se vangloriavam de possuir um Paládio, sobre cuja origem miraculosa se teciam as mais variadas e incríveis histórias. O mais famoso era o de Atenas.
O paládio de Tróia, conta uma versão do mito, caíra do céu e era tão poderoso que, durante dez anos, defendeu a cidadela contra as investidas dos gregos. Foi preciso que Odisseu e Diomedes o subtraíssem, com a cumplicidade do silêncio de Helena, que os vira penetrar na fortaleza. Tróia, sem sua defesa mágica, foi facilmente vencida e destruída. Na Ilíada de Homero, entretanto, só se faz menção de uma estátua cultual da deusa, honrada em Tróia, mas sentada.
Outros epítetos[]
- Atena Tritogenéia - "nascida da água", geralmente interpretada como referente ao suposto lugar de nascimento de Atena, o lago Tritônis.
- Atena Poliás - "da cidade", equivalente a Palas Atena ou Pótnia Atena, a Atena do Paládio, protetora de várias pólis, incluindo Atenas, Argos, Esparta, Gortina, Lindos e Larisa.
- Atena Partenos - "jovem" ou "virgem", cultuada principalmente na Acrópole, no famoso templo do Pártenon. A ela eram dedicadas as Panatenéias.
- Atena Prômacos - "à frente da batalha", que lidera os exércitos na guerra.
- Atena Apatúria - presidia à inscrição das crianças atenienses em sua respectiva fratria, nas Apatúrias. Eram uma festa jônica e ática, celebrada anualmente, em outubro, durante três dias. Nos dois primeiros, faziam-se sacrifícios e banquees e no terceiro, os pais apresentavam aos membros de sua fratria seus filhos legítimos, para que fossem regularmente inscritos na mesma. Só apos esse "registro religioso e civil" é que a criança passava política e religiosamente a ter um pai, isto é, "tais e tais crianças eram filhos de um mesmo pai". Após Sólon (século VI a.C.), uma fratria era composta de trinta famílias.
- Atena Higéia - deusa das "boas condições de saúde" e da fertilidade dos campos. Era com este epíteto que ela se associava a Deméter e Core numa festa denominada Prokharistêria, "agradecimentos antecipado", que se celebrava no inverno, quando recomeçavam a brotar os grãos de trigo. Estava também ligada a Dioniso nas Oskhophória, quando solemnemente se levavam a Atena ramos de videira carregados de uvas numa procissão de um santuário de Dioniso em Atenas até um nicho da deusa em Falero. Dois jovens com longas vestes femininas encabeçavam a procissão, transportando um ramo de videira com as melhores uvas da safra.
- Atena Ergane - "trabalhadora", presidia aos trabalhos das mulheres na confecção de suas próprias indumentárias, pois ela mesma tecera sua "túnica flexível e bordada", segundo a Ilíada. Associada a Hefesto e Prometeu, era invocada no bairro Cerâmico de Atenas como protetora dos artesãos. Na festa das Khalkeia, dos "trabalhadores em metal", duas ou quatro meninas, denominadas Arréforas, com o auxílio das "trabalhadoras" de Atena, iniciavam a confecção do peplo sagrado que, nove meses depois, nas Panatenéias, deveria cobrir a estátua da deusa, substituindo o do ano anterior.
- Atena Hípia - "do cavalo", tida como inventora do carro de guerra e da quadriga, era cultuada em Atenas, Tegéia e Olímpia. Nessa qualidade, era considerada filha de Posêidon e da oceânida Polife.
Panatenéias[]
A maior e mais solene das festas de Atena eram as Panatenéias, das quais participava toda Atenas, cuja instituição era atribuída aos três maiores heróis míticos da cidade: Erictônio, Erecteu ou Teseu.
A comemoração foi originalmente anual, mas a partir de 566-565 a.C., tornou-se pententérico, ou seja, realizada de cinco em cinco anos.
Um banquete público, que reunia simbolicamente todos os membros da pólis, dava início à grande festa. Seguiam-se os jogos agonísticos, cujos vencedores recebiam como prêmio ânforas cheias de azeite das oliveiras sagradas de Atena. Havia ainda corridas de quadrigas e um concurso de pírricas, danças guerreiras.
Precedendo a solenidade maior, realizava-se a Lampadedromia, "corrida com fachos acesos", quando se transportava o fogo sagrado de Atena dos jardins de Academo até um altar na Acrópole. As dez tribos atenienses participavam com seus atletas.
O episódio central era, no entanto, a pompé, gigantesca procissão, esculpida por Fídias no friso do Pártenon. A cidade toda participava dessa solenidade, inclusive homens com suas armas de guerra e, à época de Fídias, a cavalaria, que acabava de ser reorganizada. A monumental procissão saía das ruas centrais da cidade e chegava à Acrópole, onde se faziam múltiplos sacrifícios sobre os vários altares da deusa ali existentes: Atena Higéia, Atena Nike, Atena Polias...
O rito final era a entrega solene, no interior do santuário, do novo peplo, que representava a vitória dos deuses olímpicos sobre os filhos de Gaia. A deusa, durante toda essa solenidade, cercada de uma guarda de honra, figurava sobre o carro de triunfo, uma vez que fora ela, juntamente com seu pai Zeus, a artífice da vitória que marcou a instituição de uma ordem definitiva e a suupremacia da pólis dos homens sobre o Caos primordial.
Mitos de Atena[]
- Segundo o pseudo-Apolodoro, Atena foi criada por Tritão, que tinha uma filha chamada Palas. Ambas as moças cultivaram a vida militar que uma vez os conduziu a uma briga. Quando Palas estava a ponto de dar um golpe em Atena, Zeus caprichosamente pôs a égide em sua frente, de forma que ela olhou para cima se proteger, foi ferida por Atena e morreu. Extremamente entristecida pelo que tinha acontecido a Palas, Atena fez uma imagem madeira da companheira e ao redor de seu peito prendeu a égide que a havia assustado, pôs essa estátua ao lado da imagem de Zeus e a honrou. Mais tarde, Electra, depois de ser seduzida, buscou refúgio junto a essa estátua, o Paládio, e Zeus levou tanto a ela quanto à estátua para Ílion (Tróia).
- Atena foi à forja de Hefesto encomendar-lhe armas e o deus, abandonado por Afrodite, inflamou-se de desejo por Atena e a prendeu em seus braços. Ela fugiu, mas Hefesto, apesar de coxo, a alcançou e agarrou. Atena se defendeu, mas na luta o sêmen do deus lhe caiu numa das pernas. Atena limpou-se com um chumaço de lã que jogou no chão. O sêmen de Hefesto fecundou Gaia, que então deu à luz um menino chamado Erictônio. Atena recolheu-o, fechou-o numa arca e o confiou às filhas de Cécrope, rei da Ática. Apesar da proibição da deusa, as jovens princesas, Aglauro, Herse e Pândroso, abriram a arca e fugiram apavoradas, pois dentro dele havia uma criança que, da cintura para baixo, era uma serpente. As três irmãs enlouqueceram e jogaram-se do alto da Acrópole. A partir de então, Atena encarregou-se de educar "seu" filho no recinto sagrado da Acrópole. Quando este atingiu a maturidade, Cécrope entregou-lhe o poder.
- Quando os deuses se apoderavam das cidades que deveriam lhe prestar culto especial, Posêidon foi o primeiro a chegar na Ática e dela tomou posse com um golpe de tridente no meio da Acrópole, que criou o "mar de Erecteis" (nome de uma das três tribos originais da Ática), uma fonte de água salgada que nascia no Erecteion, templo dedicado a Erecteu. Atena chegou em seguida e plantou uma oliveira que, nos tempos clássicos, era ainda mostrada no pátio do Pandrosion, um pequeno templo ao lado, dedicado a Pândroso, filha de Cécrope. Atena e Posêidon lutaram pelo privilégio de serem os padroeiros da Ática e Zeus interveio, nomeando árbitros: Cécrope e Cranaus, segundo uma versão, Erisícton, segundo outra, ou os doze deuses do Olimpo, segundo uma terceira. Atena foi declarada vencedora graças ao testemunho de Cécrope, que viu que ela havia sido a primeira a plantar a oliveira e a cidade recebeu o nome de Atenas. Posêidon, furioso, inundou a planície Triásia.
- Segundo os atenienses, Atena inventou o diaulo (flauta dupla) com os ossos de um veado durante um banquete dos deuses e pôs-se imediatamente a tocá-la, o que provocou comentários chistosos de Hera e Afrodite, pelas bochechas que ficavam inchadas. Atena, contrariada, foi à Frígia, contemplou-se no reflexo das águas de uma fonte cristalina e horrorizada, concluiu que elas tinham razão. Lançou bem longe o diaulo e o amaldiçoou, mas a invenção foi recolhida pelo sátiro Mársias.
Referências[]
- Junito de Souza Brandão, Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega, Vozes, Petrópolis 2000.
- Theoi: Athene [1]
- Wikipedia (em inglês): Athena [2]
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