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Batuiracoleira

Batuíra-de-coleira (Charadrius collaris)

A batuíra-de-coleira (Charadrius collaris), também é chamada batuíra (do tupi mbatu'ira, composto de mba'e, "coisa" e tu'ira, "parda") , batuíra-da-costa, agachada, agachadeira, maçarico, maçarico-de-coleira, manuelzinho-da-croa e otuí-tuí. Em inglês, é collared plover; em francês, pluvier d'Azara, em castelhano, chorlitejo de Azara.

É encontrada do México à maior parte da América do Sul, em praias arenosas, bancos de areia, estuários lamacentos e areais. Alimenta-se de insetos e outros invertebrados e é muito arisca. Tem comprimento em torno de 18 cm e pesa 35 gramas. Costuma andar "aos casais durante todo o ano" e poderia ser visto, de acordo com o artista plástico Arlindo Daibert, como o "animal totêmico da fidelidade conjugal". Na visão bem-humorada de Eurico Santos: "Muito curiosa é a atividade deste praieiro. Vive às carreiras, mas, de contínuo, faz súbitas paradas e lá vai de novo correndo e parando, como se tivesse o intento de nos divertir. Na realidade, está granjeando a vida na farta mesa que a praia lhe oferece."

Os adultos quando são ameaçados no ninho, fingem-se de feridos, na tentativa de desviar dali o inimigo. Na verdade, não há um ninho propriamente dito: os ovos, semelhantes a uma pêra – configuração que lhes possibilita rolar em torno do próprio eixo –, são depositados diretamente numa cavidade esgravatada no solo arenoso, confundindo-se com o mesmo devido à sua peculiar coloração (presença, na superfície, de manchas pardo-amarronzadas, sobre um fundo castanho-claro).

Segundo Riobaldo Tatarana, personagem de Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas, o manuelzinho-da-croa é “o passarim mais bonito e engraçadinho de rio-abaixo e rio-acima".

- ‘É aquele lá: lindo!’ Era o manuelzinho-da-croa, sempre em casal, indo por cima da areia lisa, eles altas perninhas vermelhas, esteiadas muito atrás traseiras, desempinadinhos, peitudos, escrupulosos catando suas coisinhas para comer alimentação. Machozinho e fêmea – às vezes davam beijos de biquinquim – a galinholagem deles. — ‘É preciso olhar para esses com um todo carinho...’ – o Reinaldo disse. Era. Mas o dito, assim, botava surpresa. E a macieza da voz, o bem-querer sem propósito, o caprichado ser – e tudo num homem d’armas, brabo bem jagunço – eu não entendia! (...)
O Urucuia, perto da barra, também tem belas croas de areia, e ilhas que forma, com verdes árvores debruçadas. E a lá se dão os pássaros: de todos os mesmos prazentes pássaros do Rio das Velhas, da saudade – jaburu e galinhol e garça-branca, a garça rosada que repassa em extensos no ar, feito vestido de mulher... E o manuelzinho-da-croa, que pisa e se desempenha tão catita – o manuelzinho não é mesmo de todos o passarinho lindo de mais amor?...

Espiritismo[]

No espiritismo kardecista, "Batuíra" é o apelido de António Gonçalves da Silva (1839-1909). Nascido em Portugal, imigrou para o Brasil, foi um dos principais pioneiros e divulgadores do kardecismo no Brasil, dedicou-se a doentes e necessitados e hoje seu espírito é freqüentemente evocado em sessões kardecistas. Por ser um entregador de jornais muito ativo quando moço, correndo daqui para acolá, recebeu o apelido da ave pernalta, muito ligeira, de voo rápido, que frequentava os charcos na várzea formada, no atual Parque D. Pedro II, em S. Paulo, pelos transbordamentos do rio Tamanduateí.

Referências[]

  • Luiz Otávio Savassi Rocha, "João Guimarães Rosa e os maçaricos" [1]
  • Wikipédia: Batuíra-de-coleira [2]
  • Wikipédia: António Gonçalves da Silva [3]
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