Fantastipedia
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Belzebu 0000

Belzebu do Piauí

Essa assombração que aparece no Piauí é descrito por Fontes Ibiapina como sendo “o mais perigoso dentre todos os nossos fantasmas. Muito mais perigoso até mesmo que o lobisomem e a mula-sem-cabeça”. Ao que dizem, a figura do cão tem a aparência de um enorme e horrendo touro preto, com olhos, boca, língua e narinas de fogo. Para que apareça, contudo, é preciso que a pessoa seja idiota o bastante para invocá-lo. Para tanto, deverá ir a uma encruzilhada à meia noite de uma sexta-feira da paixão e dizer: “Vim aqui por uma aposta / e não volto sem resposta / um bicho preto e cabeludo / Salte logo em minhas costas”.

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Caro leitor, se você tiver a petulância de chegar ao ponto de repetir essas palavras no dia, hora e local apontados, pode ter certeza que vai dar de cara com o Belzebu encarnado, querendo montar em suas costas para judiar de você com as mais horríveis torturas. Aí nessa hora de aperreio é bom que conheça os versos do Ofício de Nossa Senhora.


Ao começar a rezar essa oração poderosa, você verá o Belzebu se contorcer todo em tormento e, ao chegar naquela parte que diz “Deus vos salve relógio / que andando atrasado / serviu de sinal / ao verbo encarnado”, a terra se abre e de um estrondo traga o bicho de volta ao inferno, deixando no ar uma catinga infernal de enxofre, ocasião em que ocorre uma ventania daquelas que faz pensar que o mundo está se acabando. A essa altura deve ter gente pensando: “ah! mas é fácil se livrar dele… é só rezar que o bicho vai embora… eu acho que vou tentar um dia”. Se alguém realmente é maluco o suficiente pra cogitar fazer uma coisa dessas fica uma advertência. As pessoas que se atreveram a efetuar referido ritual nem sempre escaparam impunes e as que sobreviveram, no fim das contas ficaram lelé da cuca. E aí, alguém aí vai tentar?

FONTE[]

IBIAPINA, José Nonon de Moura Fontes. Crendices, Superstições e Curiosidades Verídicas no Piauí. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1993.

https://causosassustadoresdopiaui.wordpress.com/2017/11/30/belzebu/

TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO ILUSTRAÇÃO: DOUGLAS VIANA

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