Branca Dias é uma das personagens que povoam o rico universo fantasmagórico pernambucano. Diz a lenda que o espírito da judia portuguesa, julgada e condenada à morte pela inquisição católica, sempre reaparece no Açude do Prata, em noites de lua cheia. Mas, para além do mito, a senhora de engenho é considerada uma heroína do povo judeu. É misturando realidade e fantasia que a revista em quadrinhos "A máscara da morte branca", lançada pela editora Draco, resgata uma figura histórica repleta de mistérios. O interesse por transformar a saga de Branca Dias surgiu quando o baiano Alexey Dodsworth, roteirista da obra, descobriu ser descendente da lendária mulher. Ao digitar nome de sua trisavó paterna em uma plataforma online de árvores genealógicas, ele chegou até Branca e seu esposo, Diogo Fernandes, separados dele por quinze gerações. A informação fez o escritor se interessar por pesquisar mais sobre a história do casal. "Até então, eles eram para mim apenas parte de uma lenda. Depois disso, soube até que o governo de Portugal concede cidadania para quem conseguir comprovar que descende deles. Existem, inclusive, grupos e mais grupos de pessoas fazendo essa investigação", aponta. Com base em registros históricos e estudos realizados por pesquisadores como Cândido Pinheiro Koren de Lima, Alexey reuniu dados pouco divulgados sobre o passado de Branca. "Ela foi a primeira professora de meninas do Brasil. Também fundou a primeira sinagoga do país, que funcionava de forma secreta, em Olinda. Apesar de tudo isso, é triste como não há nomes de ruas, bustos ou outras homenagens a ela", comenta o autor, que separou as últimas páginas do livro para reunir uma pesquisa resumida sobre a personagem.
Relatos[]
Com uma existência entre história e lenda, considerada uma das heroínas do Brasil Colonial e de Pernambuco, Branca Dias foi, no Brasil do século XVI, a primeira mulher portuguesa a manter uma «esnoga» (sinagoga) em suas terras, a primeira «mestra laica de meninas» e uma das primeiras «senhoras de engenho».
Denunciada pela mãe e pela irmã e presa pela Inquisição nos Estaus, em Lisboa, Branca Dias embarca para o Brasil com sete filhos, juntando-se ao marido, Diogo Fernandes, vivendo ambos entre Camaragibe e Olinda, onde tiveram mais quatro filhos (também educou uma enteada, Briolanja Fernandes).
Com a primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil, em finais do século XVI, filhos e netos de Branca Dias são presos sob a acusação de reconversão ao judaísmo e enviados para Lisboa, onde foram igualmente punidos em autos-de-fé.
Sua história é cheia de nuances: da infância no Minho à velhice em Olinda, a sua prisão em Lisboa, a existência perturbada no engenho de açúcar, o levantamento da casa grande de Camaragibe e da casa urbana da rua dos Palhares (ainda hoje existentes), o convívio com Duarte Coelho, primeiro capitão donatário de Pernambuco, a morte de Pedro Álvares da Madeira, comido pelos tupinambás, o candomblé dos escravos pretos, os terrores de uma nova geografia e uma nova fauna, o martírio do povo miúdo português no Novo Mundo.
Com direção de Samy Waitzberg, o curta documental Branca Dias faz um resumo biográfico da personagem através de uma entrevista com o pesquisador cearense Cândido Pinheiro Koren de Lima.[]
Fontes[]
https://curiosamente.diariodepernambuco.com.br/project/assombracoes-made-in-pernambuco/ http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=155604 http://www.impresso.diariodepernambuco.com.br/noticia/cadernos/viver/2019/12/o-mito-e-o-legado-por-tras-de-branca-dias.html https://www.folhape.com.br/cultura/hq-revela-historia-de-branca-dias-para-alem-do-mito/125205/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Branca_Dias
https://curiosamente.diariodepernambuco.com.br/project/assombracoes-made-in-pernambuco/
https://portalcorreio.com.br/branca-dias-sempre-existiu-joao-trindade/