Os caboclos e caboclas, na Umbanda e no Candomblé de Caboclo, são representantes do mundo natural e dos espíritos. O termo “caboclos” pode derivar do tupi kara'ïwa, "homem branco", e oka, "casa", do tupi caa-boc, "o que vem da floresta" ou de kari’boca, "filho do homem branco". Originalmente se referia ao índio escravizado ou catequizado ou ao mestiço de branco e indígena, em oposição aos silvícolas resistentes à assimilação e cristianização, chamados pejorativamente de "bugres" ou "tapuias".
Na Umbanda, parece passar por um eufemismo respeitoso, dadas as conotações negativas do termo "índio" no século XIX, quando se formou o Candomblé de Caboclo, ou mesmo início do século XX, quando a Umbanda, influenciada por esse culto (e também pelo Catimbó, pelo Candomblé, pelo espiritismo kardecista e por outras correntes esotéricas), foi oficialmente inaugurada, em 15 de novembro de 1908, com a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no bairro de Neves, em Niterói (RJ), através do médium Zélio Fernandino de Moraes.
Os caboclos mais tradicionais são os "caboclos índios" ou "caboclos de penas". Outras figuras populares do folclore nacional foram gradualmente acrescentadas a essa categoria, que hoje inclui boiadeiros, ciganos e marinheiros.
Na concepção de Matta e Silva, os caboclos e caboclas se organizam em falanges subordinadas a cinco dos orixás: Oxalá, Ogum, Xangô, Oxóssi e Iemanjá. Os três primeiros reúnem apenas caboclos, Iemanjá apenas caboclas e Oxóssi, caboclos de ambos os sexos.
Divisão de Caboclos[]
No culto de Umbanda, Oxossi é o chefe da linha de caboclos.O caboclo é a imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, dá passes, canta, dança e anda de um lado para outro em lembranças aos tempos de aldeia.
Conhecedores de muitas ervas, os caboclos têm um papel muito
importante: os remédios de ervas e amacis, em que amacis são mistura
de ervas que maceradas servem para o fortalecimento do filho-de-santo.
Já os remédios de ervas são plantas ou ervas que combinadas ou
sozinhas servem para aliviar ou até mesmo curar doenças.
Nisso tudo os caboclos têm participação muito especial e são
encarados e interpretados pelo povo como uma entidade que veio ajudar
e aliviar as pessoas dos seus problemas.
Caboclos de Ogum:
Águia Branca, Águia Dourada, Águia Solitária, Araribóia, Beira-Mar,
Caboclo da Mata, Caiçaras, Guaracy, Icaraí, Ipojucan, Itapoã, Jaguarê,
Rompe Aço, Rompe Ferro, Rompe Nuvem, Jaci, Guaici, Sete Matas, Sete
Flechas, Sete Ondas, Tabajara, Tamoio, Tupuruplata, Ubirajara, etc.
Caboclos de Xangô:
Araúna, Caboclo do Sol, Cajá, Caramuru, Cobra Coral, Girassol,
Goitacaz, Guará, Guaraná, Janguar, Juparã, Mirim, Sete Cachoeiras,
Sete Caminhos, Sete Estrelas, Sete Luas, Sete Montanhas, Tupi, Treme
Terra, Sultão das Matas, Cachoeirinha, Urubatão, Urubatão da Guia,
Ubiratan, etc.
Caboclos de Oxossi:
Arruda, Aimoré, Arapuí, Boiadeiro, Caboclo da Lua, Caçador, Flecheiro,
Folha Verde, Guarani, Japiassú, Javarí, Paraguassu, Mata Virgem, Pena
Azul, Pena Branca, Pena Verde, Pena Dourada, Rei da Mata, Rompe Folha,
Rompe Mato, Serra Azul, Tupinambá, Tupaíba, Tupiara, Ubá, Sete
Encruzilhadas, Junco Verde, Tapuia, etc.
Caboclos de Obaluaê:
Arranca Toco, Acuré, Aimbiré, Bugre, Guiné, Giramundo, Yucatan,
Jupurí, Uiratan, Alho d'Água, Pedra Branca, Pedra Preta, Laçador,
Caboclo Roxo, Grajaúna, Bacuí, Piraí, Surí, Serra Verde, Serra Negra,
Tira Teima, Folha Seca, Sete Águias, Tibiriçá, Viramundo, Ventania,
etc.
Caboclas de Iansã:
Bartira, Jussara, Jurema, Japotira, Maíra, Ivotice, Valquíria, Raio de
Luz, Palina, Poti, Talina, Potira, etc.
Caboclas de Iemanjá:
Diloé, Cabocla da Praia, Estrela d'Alva, Guaraciaba, Janaína, Jandira,
Jaci, Sete Ondas, Sol Nascente, etc.
Caboclas de Nanã:
Assucena, Inaíra, Juçanã, Janira, Juraci, Luana, Muiraquitan,
Sumarajé, Xista, Paraguassú, etc.
Caboclas de Oxum:
Iracema, Yara, Imaiá, Jaceguaia, Juruema, Juruena, Araguaia, Estrela
da Manhã, Tunuê, Mirini, etc.
"São os nossos amados Caboclos os legítimos representantes da
Umbanda, eles se dividem em diversas tribos, de diversos lugares
formando aldeias, eles vem de todos os lugares para nos trazer paz e
saúde. A morada dos caboclos é a mata, onde recebem suas oferendas,
sua cor é o verde transparente para as Caboclas e verde leitoso para
os Caboclos, gostam de todas as frutas, de milho, do vinho tinto (para
eles representa o sangue de Cristo), gostam de tomar sumo de ervas e
apreciam o coco com vinho e mel.
Existem falanges de caçadores, de guerreiros, de feiticeiros, de
justiceiros; são eles trabalhadores de Umbanda e chefes de terreiros.
Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual,
e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e
consultas, em busca de sua elevação espiritual.
Estão sempre em busca de uma missão, de vencer mais uma demanda, de
ajudar mais um irmão de fé. São de pouco falar, mais de muito agir,
pensam muito antes de tomar uma decisão, por esse motivo eles são
conselheiros e responsáveis.
Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na
Espiritualidade Maior, chegam até nós com alta e sublime missão de
desempenhar tarefa da mais alta importância, por serem espíritos muito
adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos que foram médicos na
Terra, cientistas, sábios, professores, enfim, pertenceram a diversas
classes sociais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos
nossos irmãos enfermos, quer espiritualmente, quer materialmente. Por
essas razões, na maior parte dos casos, os Caboclos são escolhidos por
Oxalá para serem os Guias-Chefes dos médiuns, ou melhor, representar o
Orixá de cabeça do médium Umbandista, (em alguns casos os Pretos
Velhos assumem esse papel).
Na Umbanda não existe demanda de um Caboclo para Caboclo, a
demanda poderá existir de um Caboclo, entidade de luz, para com um
"kiumba" ou até mesmo contra um Egun, de pouca luz espiritual.
A denominação "caboclo", embora comumente designe o mestiço de
branco com índio, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente.
Caboclos são as almas de todos os índios antes e depois do
descobrimento e da miscigenação.
Constituem o braço forte da Umbanda, muito utilizados nas
sessões de desenvolvimento mediúnico, curas (através de ervas e
simpatias), desobsessões, solução de problemas psíquicos e materiais,
demandas materiais e espirituais e uma série de outros serviços e
atividades executados nas tendas.
Os caboclos não trabalham somente nos terreiros como alguns
pensam. Eles prestam serviços também ao Kardecismo, nas chamadas
sessões de "mesa branca". No panorama espiritual rente à Terra
predominam espíritos ociosos, atrasados, desordeiros, semelhantes aos
nossos marginais encarnados. Estes ainda respeitam a força. Os índios,
que são fortíssimos, mas de almas simples, generosas e serviçais, são
utilizados pelos espíritos de luz para resguardarem a sua tarefa da
agressão e da bagunça. São também utilizados pelos guias, nos casos de
desobsessão pois, pegam o obsessor contumaz, impertinente e teimoso,
"amarrando-o" em sua tremenda força magnética e levando-o para outra
região.
Os caboclos são espíritos de muita luz que assumem a forma de
"índios", prestando uma homenagem à esse povo que foi massacrado pelos
colonizadores. São exímios caçadores e tem profundo conhecimento das
ervas e seus princípios ativos, e muitas vezes, suas receitas produzem
curas inesperadas.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim
caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e
dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
Usam em seus trabalhos ervas que são passadas para banhos de
limpeza e chás para a parte física, ajudam na vida material com
trabalhos de magia positiva, que limpam a nossa aura e proporcionam
uma energia e força que irá nos auxiliar para que consigamos o
objetivo que desejamos, não existem trabalhos de magia que concedam
empregos e favores, isso não é verdade. O trabalho que eles
desenvolvem é o de encorajar o nosso espírito e prepará-lo para que
nós consigamos o nosso objetivo.
A magia praticada pelos espíritos de caboclos e pretos velhos é
sempre positiva, não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao
contrário, a Umbanda trabalha para desfazer a magia negativa.
Os caboclos de Umbanda são entidades simples e através da sua
simplicidade passam credibilidade e confiança a todos que os procuram,
nos seus trabalhos de magia costumam usar pemba, velas, essências,
flores, ervas, frutas e charutos.
Quase sempre os caboclos vêm na irradiação do Orixá masculino
da coroa do médium e as caboclas vêm na irradiação do Orixá feminino
da coroa do médium; mas, eles(as) podem vir também na Irradiação do
seu próprio Orixá de quando encarnados e até mesmo na irradiação do
povo do Oriente.
Muitos já ouviram falar que os Caboclos quando se despedem do
terreiro, onde atuam incorporados em seus médiuns, dizem que vão para
a cidade de Jurema. Outros falam subir para o Humaitá, e assim por
diante.
Sabemos, no entanto, que os Caboclos não voltam para as
florestas como ordinariamente voltam os que lá habitam.
No espaço, onde se situam as esferas vibratórias, vivem os
Caboclos agrupados, segundo a faixa vibracional de atuação, junto a
psico-esfera da Terra. São verdadeiras cidades onde se cumpre o
mandato que Oxalá assim determinou, colaborando com a humanidade.
É para as cidades espirituais que os Caboclos responsáveis
pelos diversos terreiros levam os médiuns, dirigentes e demais
trabalhadores, para aprenderem um pouco mais sobre a Umbanda.
Estas moradas possuem grandes núcleos de trabalhos diversos,
onde o Caboclo faz sua evolução, contrariando o que muitos encarnados
pensam (que Caboclo tudo pode, tudo sabe e tudo faz).
Os Orixás, que são emanações do pensamento do Deus-Pai, que
está além da personalidade humana que lhe queiram dar as culturas
terrenas, fazem descer a mais pura energia-matéria ser trabalhada
pelos Caboclos no espaço-tempo das esferas que compreendem a Terra,
morada provisória de alguns espíritos em evolução.
Lá, na morada de luz dos Caboclos, existem outros espíritos
aprendendo o manejo das energias, das forças que estabelecerão um
padrão vibratório de equilíbrio para os consulentes que vêm às tendas
de caridade em busca de um conforto espiritual.
Estas "aldeias" se locomovem entre as esferas, ora estão em
zonas próximas às trevas, socorrendo espíritos dementados, ora estão
sobre algumas cidades do plano visível, etéreas, ou sobre o que resta
de florestas preservadas pelo Homem. De lá extraem, com a ajuda dos
Elementais, os remédios para a cura dos males do corpo."
Quando Incorporados, fumam charutos ou cigarrilhas e, em
algumas casas, costumam usar durante as giras, penachos, arcos e
flechas, lanças, etc... Falam de forma rústica lembrando sua forma
primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita
beleza, própria dessa linha.
Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre
eles, representam quase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e
despedidas são feitas usando esses sons.Costumamos dizer que as
diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer.
Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos Da Mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou
tiveram contato com elas.
Caboclos Da Mata Virgem - Esses viveram mais interiorizados nas matas,
sem nenhum contato com outros povos.
Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.
Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para
compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais
ainda existe as particularidades de cada um, que permitem
diferenciarmos um dos outros. A primeira é a "especialidade" de cada
um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a
terra (agricultores) , parteiras, entre outros. A segunda é diferença
criada pela irradiação que os rege. É o Orixá para quem eles
trabalham. Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de
qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho. A
"personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem",
"especialidade" e irradiação que o rege. E é nessa "personalidade" que
centramos nossos estudos. Assim como os Pretos Velhos, eles podem dar
passe, consulta ou participarem de descarrego, contudo sua prática da
caridade se dá principalmente com a manipulação (preparo de remédios
feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral).
Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no
valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as
usam mais que qualquer outro guia.
Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer
remédios naturais.
Caboclos de Oxum:
Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece
principalmente através do chacra cardíaco. Trabalham mais para ajuda
de doenças psíquicas, como: depressão, desânimo entre outras. Dão
bastante passe tanto de dispersão quanto de energização. Aconselham
muito, tendem a dar consultas que façam pensar; Seus passes quase
sempre são de alívio emocional.
Caboclos de Ogum:
Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não
rodam. Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda
profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força
física, para dar ânimo.
Caboclos de Yemanjá:
Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum,
rodam muito, chegando a deixar o médium tonto. Trabalham geralmente
para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo
essa energia para o mar.
Caboclos de Xangô:
São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente
arriando o médium no chão. Trabalham para: emprego; causas na justiça;
imóvel e realização profissional. Dão também muito passe de dispersão.
São diretos para falar.
Caboclos de Nanã:
Assim como os Pretos Velhos são mais raros, mas geralmente
trabalham aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão
passes onde levam eguns que estão próximos. Sua incorporação
igualmente é contida, pouco dançam.
Caboclos de Iansã:
São rápidos e deslocam muito o médium. São diretos para falar e
rápidos também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa.
Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois
Iansã tem grande ligação com Xangô. No entanto sua maior função é o
passe de dispersão (descarrego) . Podem ainda trabalhar para várias
finalidades, dependendo da necessidade.
Caboclos de Oxalá:
Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de
energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizado
em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito. Sua principal função é
dirigir e instruir os demais Caboclos.
Caboclos de Oxossi:
São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito.
Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos,
podem trabalhar para diversas finalidades. Esses caboclos geralmente
são chefes de linha.
Caboclos de Obaluaê:
São espíritos dos antigos "pajés" das tribos indígenas.
Raramente trabalham incorporados, e quando o fazem, escolhem médiuns
que tenham Obaluaiê como primeiro Orixá. Sua incorporação parece um
Preto Velho, em algumas casas locomovem-se apoiados em cajados.
Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia, para vários fins.
ASSOBIOS E BRADOS
Quem nunca viu caboclos assobiarem ou darem aqueles brados
maravilhosos, que parecem despertar alguma coisa em nós?
Muitos pensam que são apenas uma repetição dos chamados que
davam nas matas, para se comunicarem com os companheiros de tribo,
quando ainda vivos. Mas não é só isso.
Os assobios traduzem sons básicos das forças da natureza. Estes
sons precipitam assim como o estalar dos dedos, um impulso no corpo
Astral do médium para direcioná-lo corretamente, afim de liberá-lo de
certas cargas que se agregam, tais como larvas astrais, etc.
Os assobios, assim como os brados, assemelham-se à mantras; cada
entidade emite um som de acordo com seu trabalho, para ajustar
condições especificas que facilitem a incorporação, ou para liberarem
certos bloqueios nos consulentes ou nos médiuns.
O estalar de dedos:
Por que as entidades estalam os dedos, quando incorporadas ?
Esta é uma das coisas que vemos e geralmente não nos perguntamos,
talvez por parecer algo de importância mínima.
Nossas mãos possuem uma quantidade enorme de terminais
nervosos, que se comunicam com cada um dos chacras de nosso corpo.
O estalo dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (parte gordinha
da mão) e dentre as funções conhecidas pelas entidades, está a
retomada de rotação e freqüência do corpo astral; e a descarga de
energias negativas.
Os Caboclos são grandes e maravilhosas Entidades de Luz, na qual
devemos respeitar e admirar. Dentro de uma gira de Umbanda sentimos
extremamente a presença dessa força divina a cada instante, a cada
passe ou a cada conselho.
Os Caboclos são os doutrinadores da religião de Umbanda. Sempre nos
encorajando na fé, nos trabalhos de caridade!
Saravá os Caboclos!
Okê Caboclo!
Carlos de Ogum
Oração ao Caboclo das 7 Encruzilhadas
Louvado seja a quem a Justiça sempre amou,
Louvado seja o Filho do Senhor,
Deste-nos a paz, florescente a Justiça e nos deste amor,
Sabemos nós que és o amado e implorado Filho do Senhor,
És das Sete Cruzes o Peregrino, que no teu longo caminhar,
caminhas sempre sem dor,
Que nos dê, senhor das Sete Cruzes, a tua Palma e o teu amor.
És, ó Pai, o nosso Chefe, o nosso Senhor,
Roga ao Cristo que possamos sempre amá-lo,
Ó nosso chefe, Senhor dos Sete Caminhos, das Sete Cruzes e
dos sete amores.
Nós, os amantes da justiça e do perdão, pedimos a Ti, Senhor
das sete Cruzes,
que nos perdoe e nos ame na eternidade, como nós te amamos,
ó meu Senhor.
Louvado e bendito sejas, Caboclo das Sete encruzilhadas.
Que carregas a Cruz da Umbanda entrelaçada de lágrimas e perdões.
Louvado Seja!
Caboclos de penas[]
O caboclo tradicional é valente, selvagem antes de tudo, destemido, intrépido, ameaçador, sério e muito competente nas artes das curas. Enquanto o preto-velho consola e sugere, o caboclo ordena e determina. O preto-velho acalma, o caboclo arrebata. O preto-velho contempla, reflete, assente, recolhe-se na imobilidade de sua velhice e de seu passado escravo; o caboclo mexe-se, intriga, canta e dança como o guerreiro livre que um dia foi. Os caboclos fumam charuto e os preto-velhos, cachimbo; todas as entidades da umbanda fumam — a fumaça e seu uso ritual marcam a herança indígena da umbanda, aliança constitutiva com o passado do solo brasileiro.
Produto do sincretismo da pajelança indígena com os ritos afro-brasileiros, os caboclos resultam da associação dos orixás, voduns e inquices com figuras ameríndias, ligadas às florestas e às matas.
Os caboclos e caboclas geralmente são representados como indígenas muito idealizados. Freqüentemente usam cocares vistosos, calças e saiotes e raramente se assemelham aos verdadeiros indígenas brasileiros. São moldados pelos bons selvagens do imaginário nacional, tal como concebidos por José de Alencar e outros autores da literatura romântica indigenista do século XIX, e mesmo pela imagem dos índios de filmes estadunidenses.
Seus nomes ligam–se aos seus domínios e supostas origens étnicas, às vezes associado ao nome do orixá ao qual supostamente estão subordinados e do qual, muitas vezes, são uma simples transposição para o imaginário da Umbanda. Alguns deles têm nomes de personagens indígenas da história, do folclore e da literatura.
Entre os do sexo masculino mais conhecidos, contam-se: Araponga, Araribóia, Águia-Branca, Águia-da-Mata, Aimoré, Araribóia, Araúna, Arranca-Toco, Arruda, Beira-Mar, Boiadeiro, Caçador, Caramuru, Carijó, Catumbi, Cipó, Cobra-Coral , Coração da Mata, Corisco, Flecha-Dourada, Flecha-Ligeira, Flecheiro, do Fogo, Gira Mundo, Girassol, Guaraci, Guarani, Humaitá, Inca, do Vento, Jibóia, João da Mata, Junco Verde, Juremeiro, Laçador, Laje Grande, Lírio Verde, Lua, Mata Virgem, Ogum Beira-Mar, Ogum Iara, Ogum da Lei, Ogum da Lua, Ogum Malê, Ogum das Matas, Ogum Matinada, Ogum Megê, Ogum dos Rios, Ogum Rompe-Mato, Olho de Lobo, do Oriente, Oxóssi da Mata, Pajé, Pantera Negra, Pedra-Branca, Pele-Vermelha, Pena Azul, Pena-Branca, Pena-Dourada, Pena-Preta, Pena-Roxa, Pena-Verde, Pena-Vermelha, Peri, Quebra-Demanda, Rei-da-Mata, Rompe-Folha, Rompe-Mato, Roxo, Samambaia, Serra Negra, Sete-Cachoeiras, Sete-Cobras, Sete-Demandas, Sete-Encruzilhadas, Sete-Estrelas, Sete-Flechas, Sete-Folhas-Verdes, Sete-Montanhas, Sete-Pedreiras, Sol, Sultão da Mata, Tibiriçá, Tira-Teima, Treme-Terra, Tupã, Tupi, Tupi-Guarani, Tupinambá, Tupiniquim, Ubirajara, Ubirajara Flecheiro, Ubiratã, Urubatão, Vence Tudo, Ventania, Vigia das Matas, Vira Mundo, Xangô Agodô, Xangô Cao, Xangô da Mata, Xangô Pedra-Branca, Xangô Pedra-Preta, Xangô Sete-Cachoeiras, Xangô Sete-Montanhas e Xangô Sete-Pedreiras.
Do sexo feminino, são nomes mais conhecidos: Araci, Estrela-do-mar, Caboclinha da Mata, Caçadora, Diana da Mata, Guaraciara, Iansã, Iara, Indaiá, Iracema Flecheira, Jacira, Jandira Flecheira, Jarina, Jupira, Jurema, Jurema da Mata, Jurema do Mar, Jurema do Rio, Jurema Flecheira, Juremeira, Juçara, Cabocla do Mar, Cabocla da Mata, Nanã Burucum e Oxum.
Caboclos da Umbanda[]
No culto de Umbanda, Oxossi é o chefe da linha de caboclos.O caboclo é a imagem do indígena nativo de nossa terra e quando incorporado, presta caridade, dá passes, canta, dança e anda de um lado para outro em lembranças aos tempos de aldeia Conhecedores de muitas ervas, os caboclos têm um papel muito importante: os remédios de ervas e amacis, em que amacis são mistura de ervas que maceradas servem para o fortalecimento do filho-de-santo.
Já os remédios de ervas são plantas ou ervas que combinadas ou
sozinhas servem para aliviar ou até mesmo curar doenças.
Nisso tudo os caboclos têm participação muito especial e são
encarados e interpretados pelo povo como uma entidade que veio ajudar
e aliviar as pessoas dos seus problemas.
Boiadeiros[]
O boiadeiro ou caboclo de couro é um caboclo que em vida foi um valente do Sertão e está ligado com a imagem do peão boiadeiro - habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuisse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens.
Veste-se como o sertanejo, com roupas e chapéu de couro, e cumpre um papel ritual muito semelhante aos caboclos índios que se cobrem de vistosos cocares. Igualmente são bons curadores. Fazem o "descarrego" com chicotes, laços e berrantes. Gostam de "meladinha", cachaça com mel de abelha, mas também bebem vinho. Fumam cigarro, cigarro de palha e charutos. Seus pratos preferido são carne de boi com feijão tropeiro, abóbora e farofa de torresmo.
Enquanto os "caboclos de penas" são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores. De voz grave, é difícil entender o que falam. Supõe-se que os boiadeiros trazem lições do tempo onde o respeito aos mais velhos, a natureza, a família e aos animais falavam mais alto. Representam a liberdade e a determinação do homem do campo, em contraste com a humildade dos pretos-velhos.
Quando o médium é mulher, o boiadeiro pede para que seja colocado um pano colorido, bem apertado, para disfarçar os seios. Estes panos acabam, por vezes, como um identificador da entidade, pela sua cor ou composição de cores.
Entre os nomes mais conhecidos incluem-se Boiadeiro Sete-Luas, Caboclo Jundiara, Caboclo Jubiara, Caboclo Sete Laços, Caboclo Laço de Ouro, Caboclo Lajedo Grande, Navizala, Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro de Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Zé do Laço, Boiadeiro do Chapadão e Boiadeiro das Sete Campinas, Alfredo Mineiro e João Carreiro
Ainda existem os Caboclos do ouros que seriam ancestrais de indigenas capazes de achar tesouros pessoas escondidos. Muito comum alguns populares acharem que, as entidades que envolvem buscam de tesouros tem suas origem nos caboclos.
Ciganos[]
Ciganos dizem o futuro mas não costumam curar. São cultuados com taças com vinho ou com água, doces finos e frutas, cristais, incensos e cristais. A padroeira dos ciganos, Santa Sara Kali é tida como sua orientadora e suas imagens são também encontradas nos altares. Quando incorporados, costumam falar "portunhol", dançam e tocam castanholas e pandeiros. Alguns exus e pombagiras também se apresentam como ciganos e ciganas.
Supõe-se que os ciganos que se apresentam como caboclos foram, na maioria, nômades que viveram nos séculos XIV, XV e XVI e que alguns presenciaram fatos históricos notáveis, como a Queda da Bastilha na França.
Entre os nomes mais conhecidos, incluem-se os ciganos Pablo, Vladimir, Ramirez, Juan, Pedrovic, Artemio, Iago, Igor, Vitor e as ciganas Esmeralda, Cármen, Salomé, Carmencita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Vlavira, Iiarin e Sarita. São comemorados no dia 24 de maio, dia de Santa Sara.
Marinheiros[]
Os marinheiros, ou os espíritos da marujada, sabem ler e contar, e conhecem dinheiro, o que não acontece com nenhuma outra entidade, mas carregam muito dos vícios do homem do mar: gostam muito de mulher da vida, bebem em demasia, são sempre infiéis no amor, e caminham sempre com pouco equilíbrio.
São considerados parte da linha de Iemanjá (povo d'água). Supõe-se que são espíritos de antigos piratas, marujos, guardas-marinhas, pescadores e capitães, pessoas que viviam e trabalhavam no mar. Sua mensagem é que se pode lutar e desbravar o desconhecido, do nosso interior ou do mundo que nos rodeia com fé, confiança e trabalho em grupo. Mostram-se sinceros, sentimentais e amigáveis, dispostos a ajudar em problemas amorosos ou na procura de alguém, de um "porto seguro".
A gira de marinheiro e alegre e descontraída. São sorridentes e animados e com palavras macias e diretas eles vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas. A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, fumam charuto, cigarro ou cigarrilha e bebem uísque, vodka, vinho e cachaça.
Geralmente usam bonés, calças, camisa e jaleco, em cores brancas de marinheiros e azul marinho de capitães. Recebem oferendas na orla do mar, em lugar seco sobre a areia. Recusam conchas, estrelas do mar ou outros objetos do mar, pois consideram que ter objetos pertencentes ao mar traz má sorte. Aceitam, porém, oferendas de búzios, que não são considerados adornos, mas símbolos de dinheiro.
Entre os nomes mais conhecidos, estão Seu Martim Pescador, Maria do Cais, Chico do Mar, Beira Mar ,Zé Pescador, Seu Marinheiro Japonês e Seu Iriande.
Referências[]
https://www.umbandabrasil.com.br/portal/caboclos
- Alessandro Luis Lopes de Lima, "Exu: Uma divindade africana no Brasil", (Monografia de conclusão de curso em Ciências Sociais - Unesp - Araraquara) [1]
- Guardiões da Luz: linhas de trabalho na Umbanda [2]
- Povo de Aruanda: Boiadeiros [3]
- Tenda Espírita Fraternidade da Luz [4]
https://www.umbandabrasil.com.br/portal/caboclos
https://radiovinhadeluz.com.br/noticia/168978/texto-salve-a-falange-dos-caboclos
https://lurolimessencial.com.br/products/dancarina-das-aguas