
"Mago invoca elementais", ilustração em The Elementals de Manly P. Hall (1928)
Os elementais são espíritos que supostamente podem ser invocados e utilizados por magos e alquimistas para controlar os elementos. Em seu tratado De Occulta Philosophia, de 1531-33, o mago, astrólogo e alquimista Heinrich Cornelius Agrippa referiu-se a quatro classes de espíritos correspondentes aos quatro elementos. Não lhe deu nomes especiais, mas acrescentou uma lista de vários seres mitológicos desse tipo, sem chegar a esclarecer qual pertenceria a cada elemento.
No Tratado das Ninfas,Silfos, Pigmeus, Salamandras e outros seres, de 1566, do médico e alquimista Theophrastus Bombastus von Hohenheim, chamado Paracelso, foram dados nomes específicos para essas quatro classes: gnomos (Gnomen), pigmeus (Pygmäen) ou manes para os elementais da terra, ondinas (Undinen) ou ninfas (Nymphen) para os elementais da água, silfos (Sylphen) ou silvestres (Sylvesteres) para os elementais do ar e salamandras (Salamander), vulcanos (Vulcani) ou etneus para os elementais do fogo.
Para Paracelso, os silfos estavam associados ao ar simplesmente por viver nesse meio, assim como os humanos. Sua aparência era a de homens selvagens e peludos, como o Wilder Mann de mitos alemães e o Woodwose ou Wildmen dos ingleses (dos quais derivam os ogros e orcos) e o nome que inventou parece ter sido formado de sylva ("floresta", em latim) e nymph ("ninfa"). A concepção de silfos como seres etéreos e alados, semelhantes a fadas é posterior, talvez originada do Ariel de A Tempestade, de William Shakespeare (1611). E embora usasse o nome de "salamandras" para os elementais do fogo, provavelmente não as imaginava semelhantes a batráquios e sim a humanos.
Enquanto a tradição cristã afirmava que silvanos e ninfas eram demônios e mais especificamente íncubos e súcubos, Paracelso, que também associou muitos seres da mitologia e do folclore a suas quatro espécies de elementais, frisava que eles não são demônios e sim seres criados por Deus para guardar os tesouros ocultos nos quatro elementos até chegar a hora de os humanos poderem utilizá-los.
Segundo Paracelso, existe uma natureza palpável e densa, feita de Terra; uma natureza não palpável, espiritual, à qual pertencem anjos e demônios; e uma terceira natureza que participa das duas primeiras, à qual pertencem os elementais. Os elementais são leves e podem voar, mas são mortais, se reproduzem como humanos (portanto, todas as espécies têm machos e fêmeas) e têm seu aspecto e constituição geral. Não descendem de Adão e não têm almas imortais, mas falam e riem, podem ser espertos ou tolos, ricos ou pobres, estão sujeitos a doenças, sentem sono e dormem e, quando morrem, sua carne apodrece com a dos animais. Comem seus próprios alimentos e bebidas (sendo os dos silfos semelhantes aos humanos), usam roupas e têm seus próprios chefes, guardas e juízes.
As ondinas têm aspecto humano e vivem nos rios. Os silfos são mais densos, maiores e mais robustos e vivem nas florestas. Os gnomos têm dois palmos (cerca de 46 centímetros) de altura, vivem nas montanhas, são menos densos e às vezes são vistos como fantasmas ou chamas voando sobre as pradarias. As salamandras são leves, graciosas e delgadas, vivem nos vulcões e também são vistas como chamas voadoras, mas geralmente se afastam dos humanos, exceto "velhas e bruxas" e, ao contrário dos demais elementais, "lidam com o diabo". As ondinas e gnomos são inteligentes e podem falar a língua dos humanos, além da sua própria (a mesma para as duas espécies), silvanos são menos inteligentes e não falam a língua humana e salamandras falam pouco.
Embora os elementais sejam menos densos que os humanos, podem às vezes ser vistos pelos humanos. Gnomos se dispõem a trazer ouro e prata a quem lhes faz favores, com a condição de que não o acumulem e que o partilhem. As ondinas, menos frequentemente os silfos e mais raramente ainda os gnomos, podem ter relações sexuais com humanos; apesar da dupla origem, os filhos recebem da mãe ou pai humano uma alma imortal e são inteiramente humanos. Quando faz sexo com um homem, a própria elemental ganha alma, é redimida por Cristo e estará presente no Juízo Final ao lado do esposo. O casamento é real e não pode ser dissolvido sem seu consentimento; se o homem tomar outra esposa sem sua permissão, ela reaparece para matá-la.
Assim como ocasionalmente nascem crianças monstruosas de mulheres humanas, cada uma dessas quatro espécies de elementais podia originar filhos monstruosos, de tamanho extraordinário ou traços animais. Os gnomos monstruosos são os anões (Zwerge), que são menores que os humanos, mas muito maiores que os gnomos. Os silfos monstruosos são os gigantes (Riesen), com vinte a trinta pés (seis a nove metros) de altura. As ondinas monstruosas são as sereias (Sirenen) e monges-do-mar (Meermönche) e as salamandras monstruosas são os fogos-fátuos (Irrlichter). Sua função é alertar os humanos de acontecimentos graves: o nascimento de gigantes anuncia a devastação de um país, o de anões a carestia, o das sereias a morte de reis e príncipes e o dos fogos-fátuos, incêndios. Por serem seres monstruosos, não podem ter filhos entre si e morrem sem descendentes. Entretanto, tanto gigantes quanto anões podem fazer sexo com mulheres humanas, satisfazê-las e gerar filhos humanos.
As sereias nadam na superfície da água em vez de viver no fundo, como as ondinas. Vivem à maneira dos peixes e com eles se parecem em parte, mas sabem cantar e tocar flauta. Há ainda outro tipo de ondinas monstruosas, que Paracelso chama de monges-do-mar. Compara sereias e monges-do-mar a cometas, que seriam os filhos monstruosos das estrelas. Paracelso cita o Sigenot da lenda alemã como exemplo de gigante e o lendário rei Laurin do Jardim das Rosas como exemplo de anão.