Na mitologia romana, Fauno (Faunus, de uma raiz latina que significa "favorável") é uma das divindades mais antigas, o di indigetes das florestas, planícies e campos, que propicia a fertilidade (di indigetes, "deus indicado", é uma expressão que se refere aos deuses romanos nativos, em contraste com di novensides, "deus recém-chegado" de origem estrangeira, geralmente grega).
Dois festivais, chamados Faunalia, eram celebrados em sua honra: um em 13 de fevereiro, no templo de Fauno da ilha do Tibre, o outro em 5 de dezembro quando os camponeses lhe traziam oferendas rústicas e se divertiam com danças.
O Templo de Fauno na Ilha Tiberina foi erguido pelos edis plebeus (os responsáveis pelos templos, ou seja, as casas, aedes, dos deuses) em 296 aC. com o produto das multas impostas aos que pastaram ilegalmente seus rebanhos no ager publicus. Os edis plebeus foram eleitos pela plebe e seu cargo foi estabelecido quando o templo de Ceres no Aventino foi fundado, após uma revolta plebeia. Fauno, portanto, como outras divindades rurais, representava a oposição popular ao governo consular personificado por Júpiter.
Fauna e os faunos[]
Uma deusa de atributos semelhantes a Fauno, chamada Fauna, Fátua, Fatídica ou Bona Dea ("Boa Deusa"), era associada a seu culto, ora como esposa, ora como irmã. Fauno era também acompanhado pelos faunos, desdobramento do grande Fauno em gênios locais.
Fauno como deus da profecia[]
Fauno foi também racionalizado por romanos cultos como um rei legendário dos latinos, filho de Pico (Picus, "pica-pau") e da ninfa Canente (Canens, "cantora") e neto de Saturno. Com a ninfa Marica, teve como filho Latino, o rei do Lácio que recebeu os refugiados de Tróia liderados por Enéias. Após a morte, Fauno teria se tornado divindade tutelar da terra por seus serviços à agricultura e pecuária.
Sua sombra era consultada como uma divindade da profecia, sob o nome de Fátuo (Fatuus). Seus oráculos situavam-se nos bosques sagrados de Tibur, em torno da fonte Albunea, e também no monte Aventino, uma das sete colinas de Roma. As respostas eram dadas em versos saturnianos, um estilo arcaico e tipicamente romano, anterior à influência grega, em sonhos e vozes comunidadas àqueles que iam dormir em seus precintos sobre um velo de cordeiro sacrificado. W. Warde Fowler sugeriu que esse Faunus é o mesmo que Favonius, deus do vento oeste mais tarde identificado com o Zéfiro grego.
Sincretismo[]
Fauno e os faunos latinos eram divindades sóbrias, mas com o crescente sincretismo entre as mitologias grega e latina, os romanos cultos passaram a identificar seus faunos com os sátiros gregos, diferentes em caráter e aparência. Fauno foi também parcialmente identificado com o grego Pã e incluído no cortejo de Dioniso (com o nome helenizado de Phaunos), na Dionysiaca de Nonno, grego do século V nascido no Egito. Resultou disso a imagem dos faunos/sátiros da arte renascentista, que têm a aparência dos faunos latinos (e do Pã grego), mas o comportamento selvagem e orgiástico dos sátiros gregos.
Ver também[]
Referências[]
- Wikipedia (em inglês): Faunus [1]