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Salaman

Salamandra em representação renascentista

As salamandras (salamanders em inglês) são anfíbios reais aos quais a lenda e o folclore atribuíram o poder de viver no fogo e de extingui-lo. O mesmo nome foi dado aos elementais do fogo pelo médico e alquimista Paracelso em seu Tratado sobre os Espíritos Elementais, de 1566. O nome vem do grego salamandra, talvez derivado do persa sām, "fogo" e andarūn, "dentro dele.

Salamandras na Natureza []

As salamandras são anfíbios de corpo delgado, cauda longa e pernas curtas. A lenda sobre sua conexão com o fogo parece ter-se originado da tendência de muitas salamandras a hibernar dentro de troncos apodrecidos. Quando esses troncos são usados como lenha e postos ao fogo, a salamandra tenta escapar (como testemunhou o artista italiano Benvenuto Cellini em sua autobiografia), o que leva à crença de que foi criada pelas salamandras.

Sua pele úmida e a secreção leitosa que produz quando ameaçada também alimentaram a idéia de que fosse imune ao fogo. Essa secreção, que visa espantar predadores, é tóxica.

As descrições clássicas da salamandra do fogo correspondem à aparência de certas variedades das espécies européias Salamandra salamandra e Salamandra atra.

Salamandra salamandra

Salamandra-de-fogo (Salamandra salamandra)

A salamandra-de-fogo (Salamandra salamandra) é negra com manchas amarelas. Mede entre 14 e 20 cm de comprimento. As larvas geralmente são aquáticas. As subespécies fastuosa e bernadezi são vivíparas. As restantes são ovovivíparas. O adulto é sempre terrestre. São encontradas em grande parte da Europa central e do sul, em áreas com altitudes entre os 400 e os 1000 m, e também ocorrem no norte da África. Podem segregar pela pele uma substância tóxica denominada samandrina, um alcalóide que provoca convulsões musculares e uma elevada pressão sanguínea, combinada com hiperventilação. As glândulas de veneno estão concentradas na zona do pescoço e na superfície dorsal. As áreas mais coloridas do animal normalmente coincidem com a localização dessas glândulas.

Salamandra atra aurorae

Salamandra alpina (Salamandra atra aurorae)

A variedade mais comum da salamandra alpina (Salamandra atra) é negra brilhante. A subespécie Salamandra atra aurorae, porém, possui marcas douradas ou amarelas no dorso. Esta variedade está classificada na Lista Vermelha da IUCN (2002) como criticamente ameaçada de extinção. Pode ser encontrada nos Alpes Centrais e Orientais, a altitudes acima de 650 metros. Os adultos têm 9 a 14 cm de comprimento e a esperança de vida é de pelo menos dez anos. Ao contrário da maioria dos anfíbios modernos, seu ciclo de vida não necessita de fase aquática. A fêmea produz descendentes já perfeitamente formados e não girinos. É um anfíbio ovovivíparo, cuja fêmea produz uma prole de duas crias de cada vez. A gravidez tem uma duração de dois anos a altitudes de 650 - 1.000 metros e 3 anos em altitudes de 1.400 a 1.700 metros.

Salamandras na Antiguidade[]

A descrição clássica da salamandra é de Plínio, o Velho (23–79 d.C.) segundo o qual "é um animal similar ao lagarto em formato, com o corpo todo estrelado; nunca é visto a não ser sob chuva forte e desaparece assim que o tempo melhora". A descrição é consistente com as marcas amarelas da salamandra alpina (Salamandra atra aurorae) e da "salamandra de fogo" (Salamandra salamandra).

Plínio também refere (ainda que se dissesse cético a respeito disso), que lhes era atribuído o poder, relatado também por Aristóteles, de extinguir o fogo com a frieza de seus corpos e anota supostas propriedades medicinais e venenosas. Uma única salamandra que se enroscasse em torno de uma árvore poderia envenenar seus frutos a ponto de matar qualquer um que os comesse. Se caísse em um poço, também mataria todos que dele bebessem. Parece ser uma descrição muito exagerada das propriedades tóxicas reais das secreções do animal.

Salamandras na Idade Média[]

Salamanrabestiary

Salamandra em bestiário inglês do século XV

Nos bestiários medievais, as salamandras foram descritas de muitas maneiras fantasiosas, incluindo "uma criatura semelhante a um sátiro dentro de uma tina circular" (século VIII), "um verme entrando nas chamas" (século XII), "um cão com asas" (século XIII) e "um passarinho em chamas" (século XIII). As representações renascentistas aderiram mais de perto à descrição clássica de Plínio.

Viajantes europeus no Oriente, principalmente na China, viram roupas imunes ao fogo, supostamente feitas de pelo ou lã de salamandra. Marco Polo, porém, acreditava que, na verdade, tratava-se de uma substância incombustível encontrada na terra - provavelmente fibras de amianto.

Outros, porém, consideraram-na um tipo de seda. Em uma carta forjada no século XII como sendo do legendário Prestes João dizia que seus domínios havia salamandras que viviam no fogo e faziam casulos, dos quais as mulheres da corte teciam roupas que, para serem limpas, eram jogadas às chamas.

Salamandras na Heráldica[]

Salamandre

Salamandra no brasão da comuna de Gennes, França

Na heráldica medieval, a salamandra foi representada como algo parecido com um cão de pernas curtas, rodeado de fogo. Mais recentemente, tem sido representada como um lagarto ou uma salamandra propriamente dita, mas ainda entre chamas e, às vezes, também as vomitando.

Simbolicamente, representa a fé duradoura que triunfa sobre os fogos da paixão. Também é um emblema tradicional dos ferreiros e aparece em brasões de cidades para representar a metalurgia e a siderurgia locais. Algumas companhias de seguros também usam a salamandra, referindo-se à sua suposta capacidade de combater o fogo. Metaforicamente, refere-se à mulher que vive castamente em meio às tentações e ao soldado que se expõe ao fogo da batalha.

Veja também[]

Draco

Salamandras (elementais)

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