Jurupari é um personagem que possui duas versões sobre sua história dentro do Brasil. A primeira é a versão que acredita-se ser a original perante os indigenas, onde ele é descrito como um tipo de salvador que traz a ordem. A segunda, acredita-se que foi espalhada pelos jesuítas, nela se acredita que ele seja um demonio dos sonhos, muitas vezes descrito como a personificação do próprio mal. Ele é um personagem mitológico dos povos indígenas da América do Sul. O povo Mawé retrata Yurupari não apenas como um demônio, mas o próprio Mal, aquele que deu origem à outros demônios (como os Ahiag̃ ou os Mapinguary). Na época da chegada dos primeiros europeus ao continente (século XVI), Jurupari era o culto mais difundido. Visando a combatê-lo, os missionários católicos passaram a associar Jurupari ao diabo cristão.
Variação do texto[]
Jurupari é filho de uma virgem Tenuiana que comeu a fruta do Pücã sem notar que o sumo escorria por suas partes mais secretas. Nascido, desapareceu e sua mãe senti-o à noite sugar-lhe o seio, brincar derredor sem que lhe pudesse ver a figura. Quinze anos depois apareceu. Era alto, forte e lindo. Elegeram-no tuixaua. A falta de homens dera a maioria às mulheres e estas governavam a tribo. Jurupari arrebatou-lhes o poder, restituindo-o aos homens.
Vencedor das mulheres, Jurupari reuniu os homens e ensinou-lhes sua doutrina. Instituiu as festas e ritos iniciatórios, os “costumes do Sol”. As mulheres não podiam assisti-los sob pena de morte. As crianças chegadas à puberdade seriam recebidas sob os ritos dolorosos que são o camuano nindé. Homens devem ser sólidos, fortes, resignados, obedientes, impassíveis à dor, resistentes, fiéis aos compromissos. Há um jejum indispensável, as dietas sagradas, as purificações. Ceuci, mãe de Jurupari, escondeu-se para ouvir a palavra do filho. Ficou transformada em pedra. A Jurupari não se pede perdão. Não há súplica que o abrande. Só a obediência aos seus ritos fará o guerreiro imortal. Todos devem casar cedo e ter uma só mulher. O tuixaua é obrigado a divorciar-se da mulher estéril. Não tendo filhos a chefia passará ao melhor guerreiro. Ele é um legítimo tecô-munhangaua, legislador, soldado e reformador dos costumes. Austero e puro, Jurupari nunca permitiu que uma mulher tocasse seu corpo. Carumá, numa volta de dança, abraçou-o. O deus mudou-a em montanha.
Ser dos Sonhos[]
Na mais conhecida das duas lendas, Jurupari seria, na verdade, o deus da escuridão e do mal, que visitaria os índios em sonhos, assustando-os com pesadelos e presságios de perigos horríveis, impedindo, entretanto, que suas vítimas gritassem - o que, por vezes, causava asfixia. Esta é a mais "provável", já que o significado da palavra Jurupari seja algo como "aquele que cala", "que tapa a boca", ou ainda "aquele que visita nossa rede". Os jesuítas estimularam esta versão da lenda, alguns mesmo dizendo que foram eles que a criaram, sendo imediatamente aceita pelos indígenas, ávidos por uma explicação sobre o porquê de terem pesadelos. Para Câmara Cascudo, essa concepção de criatura dos "pesadelos" é um amálgama de lendas europeias e africanas, inventadas pelas amas de leite para o controle do comportamento das crianças.
Etimologia[]
Várias teorias procuram explicar o significado do termo "Jurupari":
- Segundo o tupinólogo Eduardo Navarro, viria do tupi antigo Îurupari, que significa "boca torta" (îuru, "boca" + apar, "torta").
- Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, a palavra "jurupari" parece corruptela de "jurupoari", descrita por Couto de Magalhães no curso sobre nheengatu (língua geral) "O selvagem". Na obra, "Jurupari" literalmente é traduzido por "boca, mão sobre; tirar da boca"; che jurupoari - "tirou-me a palavra da boca", ou de iuru (boca) e pari (armadilha de talas para peixes, com que se fecha os igarapés), além de referir aos diversos significados míticos, entre os quais o que corresponde à expressão "ser que vem à nossa rede" (lugar onde dormimos), e "gerado da fruta".
- Segundo o padre Constant Tastevin (1880-1958), apud Faulhaber, o nome "Jurupari" pode corresponder ao nome próprio de um antigo legislador índio, de quem conservam ainda os usos, leis e tradições lembradas nas danças mascaradas de Jurupari. O nome, segundo esse autor, parece significar "máscara", pari, "da boca" ou "do rosto": iu-ru-pari: "meter um pari no próprio rosto".
O dicionário Aurélio reforça a etimologia tupi e o significado de "demônio", estendendo o seu significado a:
- um peixe de rio, ciclídeo (jeropari, Satanoperca daemon);
- ao macaco-de-cheiro;
- e à planta da família das leguminosas (Eperua grandiflora), que podem ou não ter relações com esse signo mítico, o que é evidente no nome do peixe (Satanoperca daemon ou Satanoperca jurupari).
Ritual do Jurupari[]
Além de o nome Jurupari corresponder a uma lenda tupi e a um conjunto de animais e árvores que o mito relaciona entre si, ainda existem diversas variantes desse mito em outras etnias. Corresponde também a um ritual com flautas em que só os homens podem participar, entre os índios do noroeste da Amazônia (Rios Negro e Uaupés), como os tucanos e os tarianas, descrito por Ermanno Stradelli (1852-1926). Outros ritos e mitos também são conhecidos pelo nome de Jurupari, a exemplo dos encontrados nas tribos:
Tuiucas / (Tucanos), Macus / (Línguas macus), Wauja e outras do Parque do Xingu
Segundo descrição de Carvalho do que denomina a "religião de jurupari", na região amazônica alto do Rio Negro, esta compreende um culto secreto masculino, revelado aos iniciados principalmente na segunda iniciação: seus ritos incluem flagelações, uso do tabaco e coca, ilusógenos como o yagé (caapi), e, mais no extremo oeste, também o paricá.
Machado de Jurupari[]
Alguns contos falam que ele possui uma arma poderosa feita com raio que ele roubou de seu pai o Sol.
Variante do Mito[]
É um personagem mitológico dos povos indígenas da América do Sul. O povo Mawé retrata J ou os Mapinguari). Há muitas lendas sobre este personagem que o mostram tanto como um legislador como um demônio. Conta-se que a índia Ceuci, de origem Tenuiana, comeu o mapati, uma fruta que era proibida às mulheres quando se encontravam no período fértil. O suco da fruta escorreu pelo seu corpo até suas partes íntimas e assim, foi concebido um menino. Como punição, a índia foi expulsa da aldeia. Em realidade, o pai da criança era o próprio Sol, conhecido entre os indígenas como Guaraci. Longe de sua aldeia, Ceuci deu a luz á seu filho Jurupari, "o filho do sol". Jurupari foi enviado a terra pelo proprío sol para que pudesse reformar os costumes da terra e também econtrar a mulher perfeita para que ele pudesse se casar. Quando chegou a hora do nascimento, seu filho revelou ser uma criatura sábia que viria ao mundo trazer novos costumes e leis para os homens. Por isso, Jurupari é tido como um legislador entre alguns povos indígenas. Outra versão afirma que Jurupari era o demônio que visitava os índios quando estes estavam dormindo. Jurupari, então, lhe provocava pesadelos e impedia que suas vítimas gritassem por socorro. Há tribos que usam o mito de Jurupari para rituais de iniciação masculina. É o caso da D “R J ”. Este consiste em tocar um instrumento de sopro confeccionado com tronco de paxiúba, uma palmeira amazônica que produz um som cheio e grave. A cerimônia é um ritual de agradecimento à natureza pela abundância de pesca.
Igualmente, se louva a sabedoria dos espíritos ancestrais, que estão presentes através do material com que é confeccionado o Jurupari. Neste ritual, está proibida a participação das mulheres. O vocábulo Jurupari vem do tupi antigo, mas o significado varia de acordo com o grupo linguístico dos indígenas. Desta maneira, Jurupari poderia ser “b ; b ” como “ v ” em referência aos pesadelos que provocava. Com apenas sete dias de vida, Jurupari já aparentava ter 10 anos, e sua sabedoria atraiu a atenção de todos, que passaram a ouvir suas palavras e ensinamentos de novos costumes, que colocavam um fim na sociedade matriarcal e instituíam o patriarcado. Jurupari instituiu grandes festas cerimoniais, as quais somente os homens podiam tomar aprte, e onde ele aproveitava para passar seus ensinamentos. Isso acabou afastando-o de sua mãe. Inconformada com essas novas leis e também com saudades de seu filho, Ceuci resolveu uma noite ir espiar o cerimonial dos homens, uma infração que era punida com pena de morte. Furtivamente, ela entrou no território onde os homens estavam reunidos, mas antes do término do cerimonial, Ceuci foi fulminada por um raio enviado por Tupã. Jurupari foi imediatamente chamado para ressuscitar Ceuci, mas nada fez, pois não podia abrir precedentes em suas leis. Jurupari então diz: "Morreste mãe, porque desobedeceste à lei de Tupã. É a lei que eu vivo a ensinar. Não vou te ressuscitar, mas te recomendo: Sobe, bela, raidante e pura para um mundo melhor. Cumpriste a verdadeira missão de mãe, que é cheia de amor, renúncia, desenganos e sofrimento. Meu pai vai recebê-la de braços abertos lá no céu". O corpo da deusa, então, cheio de luminosidade, começou a subir. Ele atravessou o espaço e transformou-se na estrela mais resplandecente da constelação das Plêiades. Ela permanece lá até hoje, para lembrar aos selvagens o respeito às leis de Jurupari, o Filho do Sol. Filho e embaixador do Sol, Senhor dos Segredos, Reformador, Legislador, o Jurupari, Deus mais cultuado pelos índios brasileiros (não só os de língua tupi) até começar o domínio português. Parece ser originário do povo aruaque, que habitava boa parte do norte da América do Sul. Era um rapaz forte e bonito. Foi eleito tuxaua (chefe) e assim acabou com o poder das mulheres, que até então governavam a sua nação. Seriam as Amazonas? Depois de vencer as mulheres, Jurupari criou doutrinas e rituais para os homens, inclusive ritos de iniciação masculina, que exigem – entre outras coisas – jejum e provas de resistência à dor. As mulheres não podem ver os rituais masculinos. Se os virem, morrem. Os intermediários entre o Jurupari e os índios são os pajés. Ele é evocado ao som de maracás e trombetas, com danças. Mas tem algo que pode representar sua figura: os maracás usados pelos pajés nas cerimônias relacionadas. O maracá – v f “ b ç f ” – é feito com uma cabaça do tamanho de uma cabeça humana, com orelhas, cabelos, olhos, nariz, e um pequeno cabo para segurar. Colocam dentro dele folhas secas e fumo queimando, e assim o maracá solta fumaça pelos olhos, boca e nariz, enquanto os pajés, o chacoalham dançando, em transe, tendo visões e fazendo previsões e revelações. Por isso, o maracá – que era às vezes um instrumento sagrado, que só os pajés podiam pegar – era identificado com o Jurupari. Tupã era o nome que os guaranis davam ao trovão. Para os tupis, era Tupana. Mas era só um trovão, nada mais. E ele foi promovido a Deus único e verdadeiro. Tupã se tornou uma versão adaptada do Deus hebraico, assimilado pelos cristãos. Hoje, está embutido nas mentes da maioria das pessoas que Tupã era um Deus que já existia antes, e que Jurupari é o diabo. Até na Amazônia, principal reduto do Jurupari, a maioria dos não-índios e dos índios aculturados pensa assim. Mas há exceções. Esta última corresponde aos seus rituais cheios de segredos. Em Águas Belas (PE), há um povo que, ao que tudo indica, cultua Jurupari. São os Fulniôs, de língua gê, que têm uma aldeia sagrada, num lugar a que só eles têm acesso, onde passam catorze semanas (a partir de agosto) num ritual chamado Ouricuri, e as mulheres ficam em áreas separadas dos homens. E ninguém conta o que acontece lá. S J …
Referências[]
http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/jurupari/39339
https://portalamazonia.com/amazonia-az/jurupari
http://www.terrabrasileira.com.br/folclore2/h13-jurupa.html https://iphone.facebook.com/vozesancestrais/photos/a.956784477690614/1476729942362729/?type=3&source=54
Geografia dos Mitos Brasileiros / Luís da Câmara Cascudo. - 2ª ed. - São Paulo: Global, 2002.
Dicionário do Folclore Brasileiro - Câmara Cascudo, Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A. sem data