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LogumEde

Logunedé, de Claudia Argaud

Logunede

Logunedé

Logunedé, Logum Edé ou Logum, chamado Ologun Edé em Cuba (do iorubá Lógunèdẹ), orixá filho de Erinlé com Oxum Ipondá, que segundo algumas versões do mito foi adotado e criado por Iansã, tem um culto em vias de extinção em Ilexá, onde se originou. Tanto na Bahia quanto no Rio de Janeiro, porém, tem numerosos adeptos.

Esse orixá tem por particularidade viver seis meses do ao sobre a terra, comendo caça e outros seis sob as águas, comendo peixe. Ele seria, também, alternadamente do sexo masculino, durante seis meses, e do sexo feminino, nos outros seis. É saudado com o grito de "Lóci, Lóci, Logum!" e dança ora como o pai, ora como a mãe.

Segundo se conta na África, Logunedé tem aversão por roupas vermelhas ou marrons. Nenhum dos seus adeptos ousaria usar tais cores no seu vestuário. O azul-turquesa, entretanto, parece ter sua aprovação. É sincretizado na Bahia com Santo Expedito.

Pela parte masculina veste azul-claro ou turquesa; pela feminina, amarelo-ouro. Usa o arco e flecha de Oxóssi, um leque de Oxum e uma trombeta. Seus bichos são o faisão, canário da terra, coelho e periquito. Não come frangos, mas sim galo e galinha garnisé, porco da índia, tatu e bode castrado.

Mitos de Logunedé[]

  • Um dia Oxum Ipondá conheceu o caçador Erinlé e por ele apaixonou-se perdidamente, mas Erinlé não quis saber de Oxum . Ela não desistiu e procurou um Babalaô , ele disse que Erinlé só sentia atraído pelas mulheres da floresta e nunca as do rio. Então Oxum pagou o Babalaô e arquitetou um plano, embebeu seu corpo em mel e rolou pelo chão da mata, agora sim, disfarçada de mulher da mata, procurou de novo o seu amor. Erinlé apaixonou-se por ela no momento em que a viu. Um dia esquecendo-se das palavras do adivinho, Ipondá convidou Erinlé para um banho no rio, mas as águas lavaram o mel de seu corpo e as folhas do disfarce se desprenderam, Erinlé percebeu imediatamente como tinha sido enganado e abandonou Oxum para sempre, indo embora sem olhar para trás.
  • Logunedé era um caçador solitário e infeliz, mas pretensioso e ganancioso, e muitos o bajulavam pela sua formosura. Um dia Oxalá conheceu Logunedé e o levou para viver em sua casa sob sua proteção, deu a ele companhia, sabedoria e compreensão. Logunedé queria muito mais, tanto que acabou roubando alguns segredos de Oxalá, que este deixara à mostra confiando na honestidade de Logunedé. Este guardou o furto em um embornal a tiracolo, seu adô . Fugiu, mas não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador que levava os seus segredos. Ele fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e muito calmamente sentenciou que, toda vez que Logunedé usasse seus segredos, alguma arte não roubada ia faltar.
  • Logunedé era filho de Oxum e Erinlé. Eles viviam na montanha, afastados das cidades. Como os pais tinham gênio difícil, viviam brigando, sendo assim, acharam melhor, viver separados. Erinlé ficaria no alto da montanha e Oxum no seu domínio, onde existiam águas e uma bonita cachoeira. Por gostar muito dos dois, Logunedé ficava dividido: não sabia se caçava com o pai ou fazia companhia a mãe. Como era um grande feiticeiro, preparou um poção mágica por meio da qual, durante seis meses, teria características masculinas, usando um ofá para caçar e roupas azul turquesa e nos outros seis meses, características femininas, trajando roupas amarelo douradas e empunhando um abebê. Certo dia, Logunedé estava em companhia de Oxum e, entediado, resolveu dar uma volta; caminhou tanto que chegou até Ifé, reino do orixá Ogum. Com seu jeito carismático e formas femininas, cativou Ogum e foi morar com ele. Passados quase seis meses e Logunedé esqueceu-se de tomar a poção. Oxum, preocupada com a demora do filho, saiu à sua procura. Tal foi seu espanto ao encontrá-lo vivendo com Ogum, que expulsou-o de casa. Logunedé procurou o pai, pois não entendia o que estava acontecendo. Erinlé também não gostou da história e colocou-o para fora de casa. Desamparado, ele andou até a cidade de Oyó, onde encontrou Iansã, deusa guerreira dos ventos. Imediatamente ela o acolheu e o proclamou príncipe, por sua formosura, apesar da pouca idade. Sabendo da poção mágica, ela fez com que Logunedé bebesse um pouco, mas de nada adiantou, pois seu efeito já havia passado. Surpreendentemente porém, ele se transformou numa pessoa de natureza andrógina, metade homem e metade mulher. Iansã que não tem preconceitos, vive até hoje com ele. Ou ela.
  • Logunedé não se dava bem com o pai, rude com o menino, mas gostava muito da companhia da mãe, que vivia no palácio das Aiabás, as rainhas de Xangô, onde homem era proibido de entrar sob pena de morte. Para visitar a mãe, Logunedé vestia-se com os trajes dela e lá passava dias disfarçado com sua mãe e demais mulheres que o cobriam de gentilezas. Um dia houve uma grande festa no Orum e todos os Orixás compareceram com suas melhores roupas. Logunedé, contudo, não tinha roupas apropriadas, pois habitava o mato a beira do rio, como pescador e caçador que era. Ele lembrou-se das roupas da mãe com que se disfarçava, foi ao palácio, roubou um belo traje de Oxum, vestiu-se e foi a festa. Todos ficaram admirados com sua beleza e elegância, "quem é aquela formosura tão parecida com Oxum", perguntavam. Ifá, que era muito curioso, chegou bem perto de Logunedé e levantou o filá de contas que escondia o seu rosto. Logunedé ficou desesperado, pois logo todos saberiam de sua farsa. Saiu correndo do salão para esconder-se na floresta, quando seu pai, incapaz de reconhecê-lo e encantado com sua beleza, o perseguiu mata adentro e junto ao rio. Quando o cansaço venceu Logunedé, ele caiu, o pai atirou-se sobre ele e o possuiu.

Referências[]

  • Pierre Fatumbi Verger, Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo, São Paulo: Corrupio, 1981
  • Os Orixás [1]
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