Fantastipedia
Advertisement
A MULHER DA TROUXA

A Mulher da Trouxa e uma figura que aparece em contos da região nordeste , sendo piaui e bahia um dos que mais tem historias sobre a mesma. é descrita com mulher que anda com aquelas trouxas de roupas na cabeça que anda atrás de agua para.

Luís da Camara Cascudo[]

“Superstição: uma sobrevivência do rito desaparecido...”.

Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986)

Folclorista brasileiro

Um inusitado diálogo deu-se:

— Tudo bem com você?

— Tudo.

— Está vindo com quem?

— Com Satanás.

— Quem?

— Satanás.

— Ora, moça, deixe de brincadeira! Diga logo com quem vem...

— Eu já disse: com Satanás.

Não demorou, o dito foi explicado e, assim, desfeito o mal-entendido, com a conversa a mudar de rumo. Tais palavras, contudo – não faz muito tempo –, foram trocadas ao celular por duas mulheres que logo iriam se encontrar, sendo Satanás, na verdade, o apelido de um jovem motorista de táxi que, vez por outra, alugava o seu carro para longas distâncias – situações nas quais ele próprio conduzia o veículo. No caso, ora transportando uma das mulheres, que, outro dia, estava indo para a casa da outra. Assim, saindo do interior, a passageira falou com naturalidade o nome que despertou certa repulsa na sua interlocutora porque, na cidade onde mora, raro é encontrar quem não tenha apelido e o hábito, para todos, apesar de alguns nomes serem incomuns, é normal. Tão normal que, por exemplo, as alcunhas dadas a maioria dos homens – Satanás é uma das exceções – passam a ideia de que eles são propriedades de alguém. O curioso é que, invariavelmente, propriedades de mulheres, passando a ideia de que a comunidade na qual vivem é regida pelo matriarcado ou, então, embora eu não acredite que a hipótese válida seja essa, que os homens locais são desprovidos de todo e qualquer vestígio de personalidade, já que os apelidos são tipo: João de Fulana; José de Beltrana; Pedro de Cicrana e por aí vai, podendo Fulana, Beltrana e Cicrana, no caso, serem a mãe ou a companheira dos respectivos marmanjos, apesar de, em algumas situações, a avó. Mas, e qual o motivo de revisitar a Mulher da Trouxa, como o título desta postagem sugere? É que, tempos atrás, a história de uma senhora lavadeira, de nome, no caso, Misera, me foi contada exatamente pela passageira que havia alugado o carro de Satanás, reproduzida neste espaço em junho de 2009 e, curiosidade: desde então, é uma das dez mais lidas postagens deste blog, cujo motivo, aliás, acho que só descobri hoje, pretendendo, assim, contá-lo mais na frente... De qualquer modo, juntando uma coisa com outra, achei que poderia voltar a abordar o tema, revisá-lo e atualizá-lo, bem como acrescentar outros correlatos.

A Mulher da Trouxa do interior da Bahia[]

Uma imagem, inclusive, ou seja, a de uma lavadeira, que, desde os tempos coloniais, no caso do Brasil, tem inspirado artistas como, por exemplo, pintores e fotógrafos. A Mulher da Trouxa, por sua vez, nome homônimo de uma crônica contada por Daniel Dias no site sobrenatural.org. “O episódio, contudo, narrado por Dias, ocorreu quando ele ainda era uma criança no sítio do avô, no interior da Bahia. Ele conta que, uma noite, estando todos em volta da fogueira, assando castanhas de caju, quando o fogo começou a minguar, coube-lhe a missão de ir catar lenha na mata. E foi aí, então, que, para o seu espanto, ele se deparou com a Mulher da Trouxa. Segundo nos conta, a mulher que encontrou na mata deslizava como se o chão não existisse, e, durante uns quinze segundos, ficou ao seu lado – tempo suficiente para ele estimar que ela tivesse cerca de 1,80 de altura, era magra, possuía uma pele pálida, olhos profundos e, vestida de um branco puído, carregava uma trouxa na cabeça. Inicialmente paralisado de temor, assim que a mulher partiu, Dias desfez-se da lenha e saiu correndo, em busca dos seus parentes. Sem acreditar em crendices, a sua mãe disse ser bobagem, enquanto uma tia retrucou, dizendo que não zombassem da mulher, que ela se vingaria. E, ao que tudo indica, parece que se vingou mesmo, pois o irmão de Dias, enquanto o avô contava histórias de lobisomens, caiporas e outras criaturas fantásticas, ao sair para beber água, portando consigo um candeeiro, já que não tinha energia elétrica, não voltou. Quando foram atrás do menino, o quarto onde ele dormia – a casa era de taipa – estava em chamas, sem que ninguém conseguisse explicar o motivo”. Tudo sugeria, contudo, que havia sido o candeeiro que desencadeou o fogo; a causa do incêndio, um tropeço ou outro descuido qualquer. Nada mais, pelo visto, além disso. “Porém, Dias acha que houve um link com a mulher da trouxa... Daí o contato que manteve com ela, mesmo que brevemente, em um curto espaço de tempo, não duvidando até hoje do encontro sobrenatural que teve com ela”...

Piauí[]

O rio Igaraçu é um enorme curso d’água que banha a região norte do Piauí, contando, inclusive, com afluentes. O seu curso d’água banha a cidade de Parnaíba, e a população do lugar utiliza suas águas para diversos fins, inclusive lazer e sustento da família, sendo grande a atividade pesqueira no rio mesmo em dias atuais. Alguns desses pescadores contam que muitas vezes já deram de cara com uma mulher que carrega uma trouxa na cabeça, pedindo carona para atravessar o rio em suas canoas. Quando o pescador, em um ato de gentileza, pede para colocar a trouxa na canoa para que a mulher possa subir a bordo, estranha o peso e pergunta o que tem ali dentro. Nessa ocasião, a mulher fala que ali tem beiço pintado, cabelo encarnado, unha aparada e vestido decotado. O pescador sem entender nada diz: “Arre égua!” Ao que a assombração responde: “A égua tá no fundo da trouxa”. Não se sabe muito bem quem é essa assombração, mas ao que se fala é possível que seja uma lavadeira que, enciumada do marido, que estava tendo um caso com outra mulher, teria posto fim na vida da rival e colocado o seu cadáver na trouxa para jogar nas profundezas do rio. Depois, remoída pela culpa, teria cometido suicídio ali mesmo nas águas do Igaraçu, e, desde então, sua alma atormentada, vaga por ali, condenada a carregar pela eternidade, na trouxa, o cadáver da sua vítima, como castigo pelo ato horrendo que praticou. Sempre pede para atravessar o rio, na tentativa de voltar para casa, mas nunca consegue, pois os pescadores, ao fazer a pergunta, a mantém ali. Só quando encontrar um pescador que não pergunte o conteúdo de sua bagagem, é que desencantará, e será libertada de sua maldição.

TEXTO: JOSÉ GIL BARBOSA TERCEIRO

Fontes[]

http://abagagemdonavegante.blogspot.com/2012/08/o-retorno-da-mulher-da-trouxa-outros.html

https://causosassustadoresdopiaui.wordpress.com/2019/05/15/a-mulher-da-trouxa/

https://www.google.com/search?q=mulher+da+trouxa+mito&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwj5uKyW4KfyAhVeCrkGHbIXASwQ_AUoAnoECAEQBA#imgrc=ampJJjGESyZY7M

Advertisement