Mulher de Duas Cores muitas vezes chamadas de Madu ou Maduc é uma assombração que costuma aparecer de dia, à luz do sol, nas estradas de Minas Gerais, fronteira com São Paulo, ou dentro das pequenas matas. Veste roupas de algodão de duas cores, seu corpo é dividido em manchas pretas e brancas, caminha com pressa nas pontas dos pés quieta e calada. Contam os antigos que a magra mulher é o fantasma da neta de um viúvo fazendeiro, que ao descobrir que a filha estava grávida de um escravo, e tinha fugido para um quilombo com o negro, encomendou os trabalhos de uma bruxa para que o bebê não viesse ao mundo.
Historia[]
No auge da escravidão no Brasil, na divisa de Minas Gerais com São Paulo, havia uma família muito rica que morava em uma fazenda com muitos escravos. Esta família tinha uma filha chamada Berenice que, ao contrário dos pais, era uma moça doce e pura que não concordava com a situação injusta e desumana dos escravos na fazenda. Berenice, sempre que via o capataz da fazenda de seus pais surrarem no tronco os escravos e deixa-los por dias sem água e comida, durante a madrugada Berenice se levantava de sua cama, acendia uma vela, ia até a cozinha e preparava comida para levar aos escravos que estavam amarrados no tronco sem água e comida e os alimentava. Em seguida, Berenice cuidava de suas feridas, e assim ela agia sempre que um escravo era deixado no tronco e sempre os tratou com total igualdade e por muitos anos brigou com seus pai
s por mantere escravos na fazenda e por maus trata-los, o que gerou grande conflito entre Berenice e seus pais. Anúncios DENUNCIAR ESTE ANÚNCIO Na fazenda, havia um escravo em especial, forte, jovem e muito bonito que, ao longo dos anos, acabou atraindo a atenção de Berenice mais do que ela poderia esperar. Este escravo era um lutador que sonhava com a liberdade de seu povo e, para isso, criava formas de libertar seus irmãos presos à fazenda para se refugiarem no quilombo. Berenice sempre o ajudava nessas empreitadas e, com o tempo, acabaram se apaixonando. Certa noite, porém, enquanto o escravo liderava aa fuga de três escravos da fazenda para o quilombo, o capataz foi acordado durante a noite com alguns barulhos e, desconfiado, foi até a senzala e lá chegando se deparou com os escravos furões sendo liderados Atila, o escravo pelo qual Berenice havia se apaixonado, mas ainda não havia se declarado para ele, lutando contra os seus sentimentos por causa do conflito que teria com seus pais caso estes descobrissem a sua paixão.
Os três escravos conseguiram fugir, mas Atila, por ter liderado a fuga dos outros escravos, foi pego pelo capataz. No meio da confusão da perseguição, os barulhos acordaram a família, e o fazendeiro se levantou e foi ver o que estava acontecendo; quando foi até a senzala, encontrou o capataz trazendo sob a mira do revolver o escravo Atila. O fazendeiro pergunto
u o que havia acontecido e, após explicar ao fazendeiro que Atila é que estava liderando a fuga dos escravos na fazenda, este ordenou ao capataz que o prendesse ao tronco imediatamente e o surrasse até ficar em carne viva, deixando-o por uma semana sem água e sem comida.
Da janela de seu quarto, Berenice via tudo com o coração na mão e, sempre que podia, ia até seu amor para alimentá-lo e matar sua sede. Passada a semana do castigo severo, mas suavizado pelo amor e o cuidado de Berenice, ambos começaram a se encontrar as escondidas durante a noite para tramarem a fuga de mais escravos, pois Atila estava disposto a sacrificar sua própria vida pela sua gente se assim fosse necessário. Nestes encontros, Atila se apaixonou por Berenice que já há tempos estava apaixonada por ele. Os encontros eram realizados no celeiro da fazenda e lá, durante dias a fio, Atila e Berenice, completamente apaixonados um pelo outro, se amaram no celeiro e, a pedido da moça, Atila tirou sua virgindade.
Todavia, numa noite em que se amavam no celeiro, o pai de Berenice, já desconfiado por ter visto dias antes a filha sair com uma vela acesa durante a madrugada, desta vez seguiu-a e pegou os dois no flagra. Ele bateu em Berenice enfurecendo Atila que nada pode fazer, pois estava na mira do revolver do capataz que, mais uma vez, o surrou durante dias a fio, deixando-o em carne viva. A partir desse dia, Berenice foi proibida por seu pai de se encontrar com Atila sob a ameaça de mata-lo. Todavia, alguns meses depois, Berenice começou a se sentir enjoada e tão logo percebera que estava grávida de Atila. Ela então, muito vigiada pelos empregados da fazenda, pediu a cozinheira, que era sua leal e fiel amiga, para informar o acontecido a Atila, dizendo-lhe que ela estava grávida. Atila recebeu a notícia com um misto de alegria e preocupação e disse a cozinheira para avisar Berenice que eles iriam fugir da fazenda para o quilombo e lá criariam seu filho. A cozinheira levou o recado de Atila até Berenice e ela imediatamente concordou, combinando a fuga para uma semana depois.
No entanto, nesse meio tempo a mãe de Berenice, desconfiou dos enjoos da filha e constatou que ela estava grávida. A mãe de Berenice a pressionou contra a parede e ela confessou que estava esperando um filho do escravo Atila. A notícia abalou a família que queria, a todo custo, abortar a criança, mas Berenice pediu a cozinheira para avisar a Atila o que havia acontecido e para adiantarem a fuga antes que o pai dela matasse o bebê. Então naquela mesma noite eles fugiram sorrateiramente durante a madrugada enquanto todos dormiam. Berenice foi para o quilombo e lá sua barriga cresceu mais e mais, e ela e Atila esperavam com muito amor o nascimento da criança. Os pais de Berenice, no entanto, com ódio em seus corações resolveram procurar uma Bruxa muito famosa na região e encomendar a ela uma magia negra para que a criança não vingasse. No entanto, mesmo sobre as trevas provocadas pela magia da Bruxa, o anjo da guarda da criança não permitira que a magia lhe atingisse e Berenice deu a luz a uma menina linda de duas cores: preta e branca, que foi batizada com o nome de Branca Morena, e foi criada por seus pais com muito amor no quilombo.
Mas branca morena quando fez quinze anos de idade, se revoltou por viver no quilombo e fugiu durante a noite rumo à cidade, mas, no meio do caminho, uma tempestade muito forte a surpreendeu e ela, para se esconder dos raios e trovões, entrou desesperada em uma casa sem bater à sua porta e, ao adentrar apavorada à residência, acabou por tropeçar em um vaso fazendo muito barulho e acordando toda a família que, pensando se tratar de uma assombração demoníaca, o chefe da casa amarrou Morena Branca em um saco preto e em seguida deu-lhe um tiro de espingarda, matando-a imediatamente, posteriormente ele colocou o corpo da menina sobre sua carroça e saiu debaixo da forte tempestade e, bem na divisa de Minas Gerais com são Paulo, jogou o saco preto com o corpo da menina ao chão no meio da estrada. Tempos depois, o fazendeiro pai de Berenice estava a galopar durante o dia com seu cavalo na estrada do interior de Minas Gerais rumo à sua casa em São Paulo, quando de repente viu à sua frente uma mulher que lhe apareceu em meio à luz ofuscante do sol. A mulher vestia uma roupa de duas cores – preto e branco – e surgira do nada no meio do mato e atravessou a estrada de terra na frente do fazendeiro com um passo surdo e leve, pisando ao chão batido sem, no entanto, usar o calcanhar, silenciosa, sem olhar para os lados ou para o fazendeiro a galope em seu cavalo que, quando se deparou com aquela mulher sinistra e assombrosa parou imediatamente jogando o fazendeiro ao chão à sua frente. E quando o fazendeiro se recuperou do tombo e olhou a estrada, a mulher havia desaparecido; mal sabia ele que aquele era o fantasma da sua neta, que até os dias de hoje pode ser vista por caminhoneiros na divisa de Minas Gerais com São Paulo.
Fontes:
http://umaporradadelenda.blogspot.com/2010/10/mulher-de-duas-cores.html?m=1
https://www.lendas-de-minas-gerais.noradar.com/lenda-da-mulher-de-duas-cores/
https://tvbrasil.ebc.com.br/um-conto-em-cada-ponto/2019/06/mulher-de-duas-cores