Na África, Odudua (do iorubá Odùduà) é mais personagem histórico do que orixá; guerreiro temível, invasor e vencedor dos igbôs, fundador da cidade de Ilê-Ifé e pai de reis das diversas nações iorubás. Em uma das versões da mitologia Iorubá, Oduduá se refere a um orixá feminino, a esposa de Oxalá, rainha da Terra. Já outros a classificam como sendo uma qualidade do próprio Oxalá. Na história abaixo, parte da vertente que considera Oduduá uma divindade feminina, da criação e do útero da terra. Ela é considerada, ao lado de Obatalá como o casal primordial e propulsor da criação. O universo é visto dentro do culto aos Orixás como uma grande cabaça, e esta é representada por Oduduá e Obatalá.
Oduduá é a parte de baixo da cabaça e Obatalá é considerado como a parte de cima.
Nos primórdios da criação a única coisa existente nos mundos era o Olorun a grande energia primordial. Oduduá, surgiu do corpo de Olorun, assim como Obatalá e outras divindades.
Foi Oduduá quem criou a Terra e todo o universo ao lado de Obatalá, eles possibilitaram o surgimento da vida.
Segundo Pierre Verger, Odùduà tornou-se objeto de culto após sua morte, estabelecido no âmbito dos cultos dos ancestrais, mas não como divindade. As pessoas que cultuam Odùduà não entram em transe, característica fundamental no culto dos orixás
Em uma interpretação muito difundida entre estudiosos mas que, segundo Pierre Verger, é totalmente sem fundamento, o Padre Baudin feminilizou Odùduà para fazer dele a companheira de Ọbàtálá, ignorando que este papel era desempenhado por Yemowo. Fechou esse casal Ọbàtálá-Odùduà numa cabaça e construiu, partindo desta afirmação inexata, um sistema dualista, recuperado com proveito por posteriores estruturalistas, onde “Ọbàtálá (macho) é tudo o que está em cima e Odùduà (pseudofêmea), tudo o que está embaixo; Ọbàtálá é o espiritual, e Odùduà a matéria; Ọbàtálá é o firmamento e Odùduà é a terra”.
Em Cuba, Odudua ou Odua é um orixá e rege os segredos dos Eguns e Iku (a morte). Sua representação material alude à formação do mundo, incluindo os reinos animal, vegetal e mineral. Vive nas trevas profundas da noite e tem um só olho fosforescente. É uma massa espiritual de enorme poder que não tem forma nem figura. Vale-se dos espíritos para manifestar-se. Seu receptáculo é um cofre de prata, com cadeado, no qual se guarda o segredo que se montou na cerimônia de entrega, envolvido em algodão de sumaúma e colocado bem alto.
Seu arquétipo é o de pessoas de vontade de ferro, teimosos em suas apreciações, artistas ou dedicados às letras, de grande capacidade intelectual, reservados, tranqüilos, que não se arrependem de suas decisões. Aqueles que o têm assentado não devem discutir nem elevar a voz à sua frente, nem realizar mais de duas coisas ao mesmo tempo. É saudado com o grito "¡Aremú Oduduwá, Jekuá!"
Referências[]
http://sandrasabino.blogspot.com/2013/11/mitologia-ioruba-odudua-e-briga-pelos.html
- Pierre Fatumbi Verger, Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo, São Paulo: Corrupio, 1981
- Religión Yorubá: Oddua [1]