Na Umbanda e Quimbanda, Pombagiras, Pombajiras ou Pombas-giras são exus fêmeas, relacionadas principalmente à sexualidade e à magia. Seu nome é uma corruptela de Bombogiro ou Bombonjira, inquice bantu (congo e angola) sincretizado com o Exu iorubá, ou de sua versão feminina, Panjira. Esses nomes derivam, por sua vez, do quimbundo pambu-a-njila "cruzamento de caminhos, encruzilhada". Podem também ter relação com o quicongo mbombo, "porteira", pois esta entidade é também guardiã de tais passagens.
Usam trajes escandalosos nas cores vermelho e preto, às vezes rosa vermelha nos longos cabelos negros. Costumam ter jeito de prostituta, ora do bordel mais miserável, ora de elegantes salões de meretrício, jogo e perdição. Vez por outra é a grande dama, fina e requintada, mas sempre dama da noite.
Segundo a interpretação kardecista na umbanda, uma pombagira é o espírito de uma mulher que em vida teria sido uma prostituta ou cortesã, mulher de baixos princípios morais, capaz de dominar os homens por suas proezas sexuais, amante do luxo, do dinheiro, e de toda sorte de prazeres. No Brasil, sobretudo entre as populações pobres urbanas, é comum apelar à Pomba-gira para a solução de problemas relacionados a fracassos e desejos da vida amorosa e da sexualidade, além de inúmeros outros que envolvem situações de aflição.
Recebem oferendas de champanhe, cigarrilhas, cigarros, rosas vermelhas em numero impar, mel, licor de anis, espelhos, enfeites, jóias, bijuterias, anéis, batons e perfumes.
As mais conhecidas são Pombagira Rainha, Maria Padilha, Pombagira Sete Saias, Maria Molambo, Pomba Gira da Calunga, Pombagira Cigana, Pombagira do Cruzeiro, Pombagira Cigana dos Sete Cruzeiros, Pombagira das Almas, Pombagira Maria Quitéria, Pombagira Dama da Noite, Pombagira Menina, Pombagira Mirongueira e Pombagira Menina da Praia.
Maria Padilha, talvez a mais popular, é vista como o espírito de uma mulher muito bonita, branca, sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou cortesã influente. A escritora e professora de literatura Marlyse Meyer publicou em 1993 o livro Maria Padilha e toda sua quadrilha: de amante de um rei de Castela a Pomba-Gira de Umbanda, no qual conta a história de uma amante de Pedro I (1334-1369), rei de Castela, chamada Maria Padilha. Seguindo uma pista da historiadora Laura Mello e Souza (1986), Meyer vasculha o Romancero General de romances castelhanos anteriores ao siglo XVIII, depois documentos da Inquisição e constrói a trajetória de aventuras e feitiçaria de uma tal de Dona Maria Padilha e toda a sua quadrilha, de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil. O livro é uma construção literária baseada em fatos documentais no que diz respeito à personagem histórica ibérica e em concepções míticas sobre a Padilha afro-brasileira.
Maria Molambo, que sempre se veste de trapos, teria sido, no final do período Colonial no Brasil, a noiva prometida a um influente herdeiro patriarcal e que, apaixonada por outro homem, com ele fugiu de Alagoas para Pernambuco. Foram perseguidos incansavelmente pela família ultrajada e desejosa de vingança e encontrados três anos e meio depois. O jovem amante foi morto e ela levada de volta ao pai que cuspiu em seu rosto e a expulsou de casa para sempre. Como tinha uma filha pequena, a quem devia sustentar, Rosa Maria, este era seu nome, submeteu-se a trabalhar em casa de parentes na cidade de Olinda. Com a morte da filha, de novo viu-se na rua, prostituindo-se para sobreviver. Tuberculosa e abandonada, foi enfim buscada por parentes para receber a herança deixada pelos pais mortos. Rica, teria então se dedicado à caridade até sua morte, quando então, no outro mundo, conheceu Maria Padilha e entrou para a linha das Pombagiras.
Pombagira da Calunga teria sido uma moça que perdeu os pais muito cedo e foi criada na rua. Foi prostituta, alcoólatra, praticou inúmeros abortos e suicidou-se. Através do Exu da Calunga, que ela conheceu em um momento de desespero, tornou-se sua assistente direta e conheceu a Umbanda.