Têmis (em grego Θέμις, Thémis) é a deusa grega que personifica as leis divinas (themistes), em contraste com a justiça humana (Dike) e as leis e decretos humanos (nomos). Era também associada aos oráculos que revelavam a vontade dos deuses. Presidia, em especial, sobre as relações adequadas entre homem e mulher, base da família bem ordenada e os juízes eram frequentemente chamados themistopóloi, "servos de Têmis".
Segundo a Teogonia de Hesíodo, Têmis era uma titânide, filha de Urano e Gaia e, com Zeus, foi mãe das Moiras e das Horas, a saber Dike (Justiça), Eunomia (Disciplina) e Irene (Paz). Píndaro a considera mãe apenas das Horas. No Prometeu Acorrentado, Ésquilo a chama mãe de Prometeu. O pseudo-Higino lhe atribui a maternidade das Horas e das ninfas o rio Erídano, que ensinaram a Héracles o caminho para o Jardim das Hespérides. Arato, o pseudo-Higino e Ovídio a consideram mãe de Astreia, sempre com Zeus.
Etimologia[]
Θέμις, Thémis, que aparece no grego micênico sob a forma temi, que em Cnossos, talvez possa ser traduzido por "tributo" ou "limite". Etimologicamente, o nome da deusa procede do verbo τιθέναι, tithénai, "pôr", "colocar como norma"), da raiz indoeuropeia *dhē, donde Têmis expressa "o que é estabelecido como a regra, a lei divina ou moral, a justiça, o direito divino" (em latim, fas), por oposição a νόμος, nómos, "lei humana" (em latim, lex ou ius) e a δίκη, díkê, "maneira de ser ou de agir", donde "hábito, costume, regra, lei, justiça" (em latim consuetudo). Em síntese, Têmis é a deusa das leis eternas, da justiça emanada dos deuses[1].
Segundo Moses Finley, a palavra themis era usada por Homero (750 a.C.) para evocar a ordem social da Idade Arcaica, séculos X a.C. e IX a.C.:
- "Têmis" é intraduzível. Um dom dos deuses e um marco de existência civilizada, às vezes significa costume correto, procedimento adequado, ordem social, e às vezes meramente a vontade dos deuses (tal como revelada por um oráculo, por exemplo), com pouco a ver com a ideia de direito. (...) Havia têmis - costume, tradição, usos do povo, mores, como quer que o chamemos, o enorme poder do "isso (não) se faz". O mundo de Odisseu tinha um senso muito desenvolvido do que é próprio e adequado[2].
Epítetos[]
Têmis era chamada também Euboulos (Boa Conselheira), Orthoboulos (Reta Conselheira), Sôteira (Salvadora), Hiera (Sagrada), Aidoios (Reverenda, Augusta), Eugenês (Bem-nascida) e Titanis (Titânide).
Mito[]
- Como personificação da justiça ou Lei Eterna, Têmis aconselhou Zeus, na luta contra os Gigantes, a cobrir o escudo, que passou a denominar-se Égide, com a pele da cabra Amalteia.
- Após [Métis] [Zeus] desposou Têmis luzente que gerou as Horas,
- Eqüidade, Justiça e a Paz viçosa
- que cuidam dos campos dos perecíveis mortais,
- e as Partes a quem mais deu honra o sábio Zeus,
- Fiandeira Distributriz e Inflexível que atribuem
- aos homens mortais os haveres de bem e de mal.
- Titular antiga do oráculo pítico, foi ela, segundo uma tradição, quem ensinou a Apolo as técnicas da mântica.
- Têmis revelou a Zeus e a Posídon que não se unissem à nereida Tétis, porque, se isso acontecesse, esta daria à luz um filho mais poderoso que o pai. Por isso, Tétis foi dada em casamento a Peleu e tornou-se mãe de Aquiles.
- Têmis advertiu Atlas que um filho de Zeus (Héracles) arrancaria os pomos de ouro do Jardim das Hespérides.
- Quando Têmis é desconsiderada, Nêmesis traz em breve uma irada retribuição, razão pela qual Têmis compartilhava o Nemesion, templo de Nêmesis em Ramnonte, na Ática. Mas a própria Têmis não é representada como colérica: no canto XV da Ilíada, é de Têmis "das belas faces", que Hera aceita uma taça de néctar quando ela retorna ao Olimpo, perturbada pelas ameaças de Zeus.
- Segundo Ovídio, foi Têmis quem disse a Deucalião para atirar sobre os ombros os ossos de "sua mãe" (ou seja, pedras, ossos da Terra) para criar uma nova humanidade depois do Dilúvio.
- Segundo um hino homérico, Têmis estava ao lado de Leto entre as deusas presentes ao nascimento de Apolo e Ártemis, que incluíam também Dione, Reia, Icnaia e Anfitrite.