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Mutilacao de Urano

A Mutilação de Urano por Saturno, de Giorgio Vasari e Gherardi Christofano (século XVI)

Urano ou Úrano (do grego Οὐρανός, Ouranós, "Céu"), era o deus que personificava o céu estrelado, consorte de Gaia. Os romanos o chamavam Céu (em latim, Caelus, de caelum, "céu").

Genealogia[]

Segundo a Teogonia de Hesíodo, nasceu de Gaia por partenogênese e tornou-se sua consorte, gerando com ela os titãs (Oceano, Ceos, Crio, Hipérion, Jápeto, Cronos, Teia, Reia, Têmis, Mnemósine, Febe e Tétis), os Hecatonquiros e os Ciclopes. Quando Urano foi castrado pelo próprio filho Cronos, seu sangue que caiu sobre Gaia gerou ainda as Erínias, os Gigantes, as Melíades e os Curetes. Os genitais, ao cair sobre o mar (ou sobre a deusa Talassa, segundo Nonnus), geraram Afrodite.

Segundo os hinos órficos, porém, Urano era filho de Nix e um fragmento o considera nascido do ovo cósmico formado por Chronos. A Titanomaquia o faz filho de Éter e Gaia. O pseudo-Higino e Cícero o consideram filho de Éter e Hêmera. Alcman e Calímaco também o fazem filho de Acmon ou Éter.

O pseudo-Apolodoro inclui Dione entre as filhas de Urano e Gaia; vários autores, inclusive Alcman, Mimnermus, Praxilla, Diodoro da Sicília, Arnóbio, Pausânias e Cícero contam ainda as Musas primordiais; Platão adicionou Oceano e Tétis; e Baquílides somou Aristeu à prole do casal. Alceu acrescenta os Feácios aos nascidos do sangue de Urano sobre a terra e identifica a ilha de Córcira ou Corfu com a foice que o castrou.

Na versão evemerista da mitologia, descrita pelo historiador Diodoro da Sicília, Urano teria sido o primeiro rei da Atlântida, que civilizou seu povo e o iniciou nas artes. Hábil astrônomo, teria inventado o primeiro calendário, segundo os movimentos dos astros, prevendo destarte os principais acontecimentos que deveriam ocorrer no mundo. Ao morrer, foram-lhe concedidas honras divinas e acabou por ser identificado com o próprio céu. Teria sido pai de quarenta e cinco filhos, dezoito deles de Titeia (que mais tarde se chamou Gaia), inclindo Cronos e Atlas.

Etimologia[]

Georges Dumézil defendeu a identidade de Urano com o deus védico Váruṇa no mais antigo nível cultural indoeuropeu. Com base em elementos míticos compartilhados pelas duas figuras, postulando uma raiz proto-indoeuropeia *-ŭer com o sentido de "amarrar" - o antigo deus Varuna prende os maus, o antigo deus Urano prende os Titãs, Hecatonquiros e Ciclopes. Entretanto, essa etimologia tem sido descartada por etimologistas mais recentes, segundo os quais Οὑρανός, Ouranós, dório Ὡρανός, Ôranós, lésbio Ὄρανός, Óranos, derivaria de um grego arcaico *Ϝορσανός, *Worsanós, derivado de uma forma *ϝορσο-, *worso-, que corresponderia ao sânscrit varṣá-, "chuva" e a um proto-indoeuropeu *wers-, "umedecer", "gotejar" (a chuva). Frisk sugere que οὑρανός, ouranós, poderá provir de um radical verbal sânscrito várṣati, "chove". Donde Urano significaria "aquele que proporciona a chuva, o que fecunda (Gaia)".

Cosmologia[]

Os antigos helenos imaginaram o céu como um domo de bronze sólido, decorado com estrelas, cujas bordas desciam para descansar nos limites exteriores da terra plana. Urano era o céu no sentido literal, assim como sua consorte Gaia era a terra.

Iconografia[]

Gaia Eon

Gaia e Eon, mosaico de villa romana em Sentinum

Na arte da era romana, Urano era frequentemente representado como Aion, deus do tempo eterno, com a aparência de um homem de pé sobre a forma reclinada de Gaia, segurando na mão a roda do Zodíaco.

Mitos[]

  • Urano temia ser destronado por seus filhos e os prendia no interior de Gaia. A deusa, que com isso sofria dores imensas, persuadiu cinco dos seis filhos a se rebelarem. Quatro deles se puseram como sentinelas nos quatro cantos do mundo, prontos para agarrar o pai quando este descesse para deitar-se sobre Gaia. O quinto, Cronos, colocou-se no centro e, armado com uma foice de sílex, castrou Urano enquanto seus irmãos Ceos, Crio, Hipérion e Jápeto o seguravam. O sexto, Oceano, recusou-se a participar e permaneceu na periferia do mundo. O sangue do deus do céu caiu e impregnou a terra, produzindo as vingativas Erínias e os Gigantes, entre outras entidades; enquanto os órgãos genitais, ao caírem sobre o mar, geraram Afrodite.
  • Após sua queda, Urano profetizou a derrota dos titãs e a punição que sofreriam por seus crimes, mais tarde cumprida por Zeus, que depôs os cinco irmãos e os lançou no Tártaro.
  • Grato a Zeus que o vingou, Urano o advertiu que o filho que ele teria de Métis o destronaria. Por isso, Zeus a engoliu, o que resultaria no nascimento de Atena.

Referências[]

  • Wikipedia (em inglês): Uranus (mythology) [1]
  • Theoi: Uranus [2]
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