Zaoris por Thales Molina, com edição por Rafael Gomes
Todos aqueles que nascem em uma sexta-feira da Paixão são Zaoris. Têm o aspecto de homens comuns. Seus olhos, porém, são muito brilhantes, de um brilho mágico, misterioso. Possuem o poder de ver através de corpos opacos, terras ou montanhas, assim conseguindo localizar tesouros escondidos. Barras de ouro ou prata, jóias, pedras preciosas, armas raras, nada escapa ao olhar mágico destes seres, mesmo que esteja enterrado sob vinte metros de terra. Acredita-se que homens brasileiros de origem árabe como libaneses podem ser zaoris.
Mito[]
Segundo Luís da Câmara Cascudo, é mito de origem árabe e denuncia o velho hábito de enterrar dinheiro, sendo muito popular na Espanha. No Brasil, ocorre principalmente no Rio Grande do Sul. No fabulário da região do Rio da Prata, Chile e Paraguai, localizam as riquezas e tesouros enterrados pelos jesuítas ou por príncipes incas, na tentativa de salvaguardar seu ouro dos espanhóis. Uma vez que os proprietários originais não podem mais usufruir do tesouro, os zaoris os localizam para aquelas pessoas que ganham a sua simpatia. Um zaori nunca pode utilizar seu dom em benefício próprio. Tudo o que encontrar sempre deverá reverter para benefício de outro. João Simões de Lopes Neto, em A salamanca do jarau, assim se refere aos zaoris:
"Depois, desceu, sempre com ela; em sete noites de sexta-feira ensinou-lhe a vaquenagem de todas as furnas recamadas de tesouros escondidos... escondidos pelos cauílas, perdidos para os medrosos e achadios de valentes... E a mais desses, muitos outros tesouros que a terra esconde e que só os olhos dos zaoris podem vispar..."
Texto Variavel[]
Todos aqueles que nascem em uma sexta-feira da Paixão são zaoris. Têm o aspecto de homens comuns. Seus olhos, porém, são muito brilhantes, de um brilho mágico, misterioso. Possuem o poder de ver através de corpos opacos, terras ou montanhas, conseguindo assim localizar tesouros escondidos. Barras de ouro ou prata, jóias, pedras preciosas, armas raras, nada escapa ao olhar mágico do zaori, mesmo que esteja enterrado sob vinte metros de terra.
É mito de origem árabe, que denuncia o velho hábito de enterrar dinheiro para fugir dos impostos, sendo muito popular também na Espanha. No Brasil, ocorre principalmente no Rio Grande do Sul.
Também estão presentes no fabulário da região do Rio da Prata, Chile e Paraguai, localizando as riquezas e tesouros enterrados pelos jesuítas ou por príncipes incas, na tentativa de salvaguardar seu ouro dos espanhóis. Uma vez que os proprietários originais de tais riquezas não podem mais usufruí-las, os zaoris as localizam para aquelas pessoas que ganham a sua simpatia. Contudo, não podem utilizar seu dom em uso próprio. Toda a riqueza que encontram sempre deverá reverter para benefício de outrem.
Fonte:
Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954 | 9ª edição: Rio de Janeiro, Ediouro, sd | Geografia dos mitos brasileiros. 2ª ed. São Paulo, Global Editora, 2002, p.350-352
Teschauer, Carlos, padre. "A lenda do ouro". Revista do Instituto Histórico do Ceará, v.25, p.3-49, Fortaleza, 1911 | "A lenda do ouro", resumo. Almanaque do Globo, Porto Alegre, 1927, p.113
Foto: Marcos Jardim Fernandes
Mitos brasileiros - OpenBrasil.org
Contexto[]
Zaoris, de acordo com o folclore sulista, são homens de aparencia comum Apesar de seu dom excepcional, os Zaoris não podem usá-los em benefício próprio. Alguns acreditam que essa habilidade muitas vezes só é ativada para bem comum. Muitos homens são Zaoris até sem saber que são pois a avareza que tem os cega de tal habilidade.
Caracteristicas[]
Diz a lenda que um poderoso arcanjo vem, invisível ao mundo mortal, durante apenas um dia do ano (a sexta-feira da paixão). O pó invisível das asas desse arcanjo afeta os olhos das crianças que nasceram naquele dia, dando habilidades únicas a elas. Essas crianças são chamadas de zaoris.
Zaoris são quase idênticas à raça de seus pais, com exceção de seus olhos, que possuem um brilho inconfundível e que podem ser de cores incomuns. Toda pessoa que já viu um zaori antes reconhecerá outro imediatamente ao ver seus olhos. Normalmente são criaturas altruístas e benevolentes, com forte senso de dever, mas há exceções.
Tesouros para o bem maior. Essa raça possui poderes abençoados em relação à visão e pressentimentos. A habilidade mais cobiçada é seu dom de encontrar tesouros secretos, mas uma maldição afeta todos os zaoris, que nunca podem usar seu dom para causas egoístas; o tesouro precisa ser usado para uma forma de bem maior, para ajudar a vida de populações ou financiar heróis que tentam destruir um ínfero poderoso. O DM define se um determinado uso é ou não motivado a ajudar bem maior ou se é apenas uma causa egoísta, mas deve comunicar ao jogador, uma vez que o zaori sabe, intuitivamente, se será amaldiçoado (veja Encontrar tesouros, nas características raciais). Muitos zaoris fazem desse dom sua missão de vida.
Aumento no Valor de Atributo. Seu valor de Sabedoria aumenta em 2. Aumente o valor de dois outros atributos à sua escolha em 1.
Idade. Zaoris envelhecem e têm a mesma expectativa de vida da raça de seus pais.
Alinhamento. Zaoris seguem as o alinhamento das raças pelas quais são criados, mas há uma tendência de que optem por alinhamentos benignos. Essa raça tem forte inclinação para caridade e gentileza.
Tamanho. Tem o mesmo tamanho da raça de seus pais.
Deslocamento. Seu deslocamento básico é o mesmo da raça de seus pais.
Visão no Escuro. Você tem visão superior no escuro, podendo enxergar até 18 metros na meia-luz como se fosse dia e, na escuridão, como se fosse meia-luz. Na escuridão, você só consegue discernir tons de cinza.
Ver a Verdade. Você tem vantagem em teste de habilidade e salvaguarda para discernir ilusões e mentiras.
Intuição e Sentidos Aguçados. Você é proficiente nas perícias Intuição e Percepção.
Encontrar Tesouro. Uma vez por semana, você pode conjurar a magia Localizar Objetos, descrevendo que está buscando um tesouro na região. A área da magia aumenta para 1 km e a magia vai localizar o tesouro de maior valor na área. Se o tesouro estiver dentro de uma estrutura ou formação natural, a magia vai mostrar a entrada mais próxima do local. Você não precisa saber o que é o tesouro, que pode ser um objeto ou conjunto de objetos, até mesmo veios pedras ou metais preciosos, contanto que tenha o valor total mínimo de 100 PO. O DM pode fazer com que você conjure esta versão alternativa sem gastar ação ou uso desta habilidade.
Se você usar o tesouro encontrado em causas egoístas, você ficará cego durante um número de dias igual ao valor em peças do ouro do tesouro ou até você cumprir os serviços dado pela magia Missão conjurada por um clérigo de uma divindade benigna, além disso só a magia Desejo pode remover a cegueira.
Desprezar Obstáculos. Ao se concentrar nos dons de seus olhos, você pode ter uma noção dos movimentos de uma criatura atrás de objetos e ignorar parte dos obstáculos a sua visão. Seus ataques ignoram meia cobertura e três quartos de cobertura fornecida por objetos.
Idiomas. Compreende, fala e escreve comum e outro idioma à sua escolha.
Zahorí[]
Zahorí, ilustração na obra de Pierre Le Brun, Historia crítica de las prácticas supersticiosas, 1732
Em espanhol, rabdomandantes ou zahoris é como são chamadas as pessoas que pretendem ter a capacidade de encontrar substâncias ocultas ou enterradas, detectando-as através de ondas de radiação captadas pelo movimento -- supostamente espôntaneo -- de dispositivos simples sustentados por suas mãos.
São os radiestesistas ou buscadores de água.
Malik Zaoris encontra o Curupira[]
Era uma sexta-feira silenciosa, quando o sol se punha atrás das montanhas, lançando sombras longas sobre a mata. Naquele dia, Malik, um jovem de origem libanesa nascido em uma Sexta-feira da Paixão, sentiu um chamado diferente. Ele, um Zaori, vivia em uma pequena vila à beira de uma vasta floresta brasileira, conhecida por histórias de seres encantados.
Desde pequeno, Malik sabia que seus olhos brilhantes tinham algo especial. Seu avô lhe contara sobre os Zaoris, aqueles que podiam enxergar além do que os olhos comuns viam. Ele já havia encontrado moedas antigas e pequenos tesouros enterrados, mas naquela tarde, algo mais profundo o atraía para a mata.
Adentrando a floresta, Malik sentiu o ar mudar. O canto dos pássaros cessou, e o silêncio era interrompido apenas pelo som das folhas sob seus pés. Seus olhos começaram a brilhar mais intensamente, e ele percebeu um rastro luminoso no chão, algo que só ele podia ver. Seguiu o rastro, que o levou a uma clareira envolta em uma atmosfera pulsante.
No centro da clareira estava o Curupira. Seus cabelos flamejantes e pés virados para trás brilhavam como fogo vivo, e ele encarava Malik com olhos penetrantes. O Zaori sentiu uma onda de respeito e temor. Sabia que o Curupira era o protetor da floresta, implacável com aqueles que desrespeitavam a natureza.
— Você, de olhos que veem o que outros não podem, por que está aqui? — perguntou o Curupira, sua voz ecoando como o vento entre as árvores.
— Senti o chamado da mata — respondeu Malik, mantendo a voz firme. — Não vim para tomar ou destruir, mas para entender o que ela quer de mim.
O Curupira inclinou a cabeça, curioso. — Você tem o dom dos Zaoris, mas há algo que nem você pode enxergar. Há um segredo enterrado aqui, um antigo tesouro da floresta. Contudo, nenhum brilho mágico o revelará. Apenas seu coração poderá guiá-lo.
Malik fechou os olhos e respirou fundo, deixando de lado seu dom e ouvindo apenas o pulsar da floresta. Caminhou até uma árvore imensa, cujas raízes pareciam abraçar o solo com força. Ali, sentiu uma energia diferente. Escavou com as mãos, e, para sua surpresa, encontrou uma pequena caixa de madeira. Ao abri-la, viu sementes brilhantes, que pareciam conter o próprio espírito da floresta.
— Essas sementes são o verdadeiro tesouro — disse o Curupira, sua voz mais suave. — Elas podem trazer de volta a vida onde só há destruição. Mas cuidado: se caírem em mãos erradas, podem causar caos.
Malik assentiu, entendendo a responsabilidade que agora carregava. O Curupira então desapareceu, deixando apenas o som do vento entre as árvores.
A partir daquele dia, Malik tornou-se mais do que um Zaori; tornou-se o guardião das sementes, usando seu dom para proteger a floresta e espalhar vida por onde passava. A lenda do Zaori que encontrou o Curupira foi contada por gerações, lembrando a todos que os maiores tesouros não são ouro ou pedras preciosas, mas a própria essência da natureza.
Khalil Zaoris encontra a Sereia Iara[]
Nas margens do rio Amazonas, sob a luz pálida de uma lua crescente, um homem caminhava em silêncio. Era um Zaori, um dos poucos que ainda vagavam por este mundo. Seus olhos brilhavam como estrelas, capazes de enxergar o que ninguém mais podia. Seu nome era Khalil, descendente de libaneses que haviam cruzado o oceano e feito do Brasil sua casa.
Khalil havia ouvido histórias de um tesouro perdido no coração da floresta, onde rios serpenteavam como artérias de uma terra viva. Ele sabia que não era um tesouro qualquer. Diziam que o ouro e as joias pertenciam à lendária sereia Iara, guardados em um leito profundo onde as águas eram mais escuras.
Após dias de viagem pela selva, Khalil chegou a um ponto onde o rio parecia respirar, ondulando de maneira quase sobrenatural. Ali, ele sentiu o chamado. Seus olhos brilharam intensamente e, ao mirar as águas, enxergou algo oculto: baús de ouro, coroas cravejadas de rubis, e armas forjadas em tempos antigos. Ao centro de tudo, uma figura feminina nadava com graça. Era Iara.
A sereia emergiu com um canto hipnótico, que fez a floresta silenciar. Sua beleza era inumana, mas seus olhos denunciavam algo mais profundo: sabedoria e tristeza acumuladas por séculos. Khalil não teve medo, pois sabia que sua habilidade lhe dava mais do que visão; dava-lhe proteção contra os encantos que poderiam perder um homem comum.
— Zaori, filho de terras distantes — disse Iara, sua voz como o murmúrio do rio. — O que te traz até meu domínio?
— Não vim por ganância, mas pela história que carrega — respondeu Khalil, os olhos fixos nos dela. — Os tesouros que guarda não são apenas riquezas, mas fragmentos de memórias. Quero conhecê-las.
Iara sorriu, surpresa com a resposta. Poucos resistiam ao desejo pelo ouro. Ela nadou em círculos, como se avaliasse sua alma.
— Se é assim, Zaori, permita-me mostrar o que guarda o rio.
Com um gesto, as águas se abriram, revelando não apenas os tesouros, mas também imagens do passado. Khalil viu guerreiros e reis, navegadores e mercadores, todos fascinados pela beleza de Iara. Ele viu tragédias, amores e traições, todos selados nas profundezas do Amazonas.
— O que fará com o que viu? — perguntou Iara.
— Guardarei a memória, não o ouro — disse Khalil. — A riqueza não está nas moedas, mas nas histórias que elas contam.
Iara, comovida, presenteou Khalil com uma única joia, uma pérola negra que parecia conter o reflexo das estrelas. Ela disse que seria um lembrete de sua jornada e da conexão entre os dois.
Ao partir, Khalil sabia que jamais esqueceria o encontro. Ele não precisaria buscar mais tesouros, pois havia encontrado o maior de todos: o conhecimento. E, enquanto caminhava pela floresta, o brilho de seus olhos parecia ainda mais intenso, como se o rio e a sereia tivessem deixado nele um pedaço de sua magia.
Karim Zaoris encontra o Saci Pererê[]
Era uma tarde quente e úmida, típica do interior do Brasil, quando Karim, um jovem de origem libanesa, decidiu explorar uma antiga floresta próxima à pequena cidade onde morava. Desde criança, ouvira histórias sobre os Zaoris, seres nascidos em sexta-feira da Paixão, dotados de olhos mágicos que podiam ver através de qualquer obstáculo. Karim nunca levara essas histórias a sério, mas algo dentro dele sempre o intrigara. Seus olhos, de um brilho intenso e quase sobrenatural, pareciam confirmar as lendas que seu avô contava.
Com uma mochila nas costas e uma lanterna na mão, Karim adentrou a mata fechada. O ar era pesado, e o som dos pássaros e insetos ecoava ao seu redor. Ele caminhou por horas, guiado por uma intuição estranha, até que seus olhos começaram a latejar. Era um sinal que ele nunca havia sentido antes. Parou, fechou os olhos por um momento e, ao abri-los, tudo mudou. A floresta parecia translúcida, como se fosse feita de vidro. Ele conseguia ver as raízes das árvores, as camadas de terra e, mais abaixo, algo que brilhava intensamente.
Era um baú antigo, enterrado a vários metros de profundidade. Karim começou a cavar, impulsionado por uma força que não entendia completamente. Quando finalmente alcançou o baú, ele estava coberto de símbolos estranhos e parecia emanar uma energia misteriosa. Ao abri-lo, encontrou moedas de ouro, pedras preciosas e uma adaga cravejada de rubis. Mas, antes que pudesse comemorar, ouviu um assobio agudo vindo das sombras.
"Ei, você aí! O que está fazendo no meu território?"
Karim se virou rapidamente e viu uma figura pequena, de pele escura, com apenas uma perna e um gorro vermelho na cabeça. Era o Saci-Pererê, uma das lendas mais famosas do folclore brasileiro. O Saci pulou em direção a Karim, seus olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e desconfiança.
"Eu poderia fazer você se perder nessa floresta para sempre, sabia?" disse o Saci, cruzando os braços. "Mas você parece diferente... Seus olhos... Você é um Zaori, não é?"
Karim hesitou, mas acabou concordando com a cabeça. "Sim, acho que sou. Mas não sei muito sobre isso."
O Saci deu uma risadinha. "Bem, você tem sorte que eu gosto de gente diferente. E, já que você encontrou meu tesouro, que tal fazermos um acordo? Eu deixo você ficar com algumas dessas coisas, mas você tem que me ajudar a encontrar outras. Há muito mais escondido por aí, e eu adoro um bom desafio."
Karim sorriu, sentindo que sua vida estava prestes a mudar para sempre. Ele e o Saci passaram o resto do dia explorando a floresta, desenterrando tesouros e compartilhando histórias. Karim percebeu que, embora seus olhos mágicos fossem um dom, era a amizade inesperada com o Saci que realmente o enriquecia.
E assim, o jovem Zaori e o travesso Saci formaram uma parceria improvável, unindo o mágico e o folclórico em uma aventura que nenhum dos dois jamais esqueceria.
Amir Zaoris encontra a Caipora[]
Era uma manhã de sol forte quando Amir, um jovem de ascendência libanesa, decidiu explorar uma região densa da Mata Atlântica. Desde que se mudara para o Brasil, ouvira histórias fascinantes sobre criaturas místicas e tesouros escondidos. Amir, no entanto, tinha um segredo: seus olhos brilhavam de uma forma estranha, quase sobrenatural, e ele conseguia ver através de objetos sólidos. Ele nunca falava sobre isso, mas sabia que era diferente. Sua avó, ainda no Líbano, costumava dizer que ele era um "Zaoris", um dos escolhidos nascidos em uma sexta-feira da Paixão.
Com um facão na cintura e uma mochila nas costas, Amir adentrou a mata. Seus olhos logo começaram a latejar, um sinal de que algo valioso estava por perto. Ele seguiu a intuição, atravessando galhos e folhagens, até que sua visão mágica revelou algo enterrado sob as raízes de uma árvore centenária. Era um pequeno baú, coberto de musgo e símbolos antigos. Amir começou a cavar, mas, antes que pudesse abrir o baú, ouviu um som estranho vindo dos arbustos.
"Quem é você, invadindo minha floresta?"
A voz era grave, quase rouca, e vinha de uma figura que surgiu entre as sombras. Era uma mulher baixa, de cabelos longos e desgrenhados, com olhos penetrantes e um cachimbo na boca. Sua pele era morena, e ela estava acompanhada por um javali enorme, que bufava agressivamente. Amir reconheceu-a imediatamente: era a Caipora, a guardiã das florestas.
"Eu... eu não queria invadir", disse Amir, levantando as mãos em sinal de paz. "Só estava explorando. Meus olhos me trouxeram até aqui."
A Caipora franziu a testa e deu uma longa tragada no cachimbo. "Seus olhos, hein? Eles brilham como os dos antigos Zaoris. Você é um deles, não é?"
Amir hesitou, mas acabou concordando. "Sim, acho que sou. Mas não sei muito sobre isso."
A Caipora riu, um som rouco e cheio de mistério. "Bem, você tem sorte que eu gosto de gente curiosa. Mas, se quer mexer com o que está enterrado na minha floresta, tem que me pagar um preço."
"Qual preço?" perguntou Amir, cauteloso.
A Caipora sorriu, mostrando dentes afiados. "Primeiro, você vai me ajudar a encontrar algo que perdi. Um colar de pedras verdes, enterrado em algum lugar por aqui. Depois, talvez eu deixe você ficar com o que encontrou."
Amir concordou, e os dois começaram a caminhar pela floresta. Com seus olhos mágicos, ele logo avistou o colar, enterrado sob uma grande pedra. A Caipora ficou impressionada. "Você é bom nisso, Zaoris. Talvez a gente possa fazer mais negócios no futuro."
Amir sorriu, sentindo que havia ganhado não apenas um tesouro, mas também uma aliada poderosa. A Caipora, por sua vez, parecia satisfeita. Ela deu uma última tragada no cachimbo e desapareceu entre as árvores, seguida pelo javali.
Amir abriu o baú e encontrou moedas antigas e uma estatueta de ouro. Mas, mais do que o tesouro, ele sabia que havia descoberto algo muito mais valioso: uma conexão com o mundo místico da floresta, onde lendas e realidade se misturavam. E, a partir daquele dia, Amir e a Caipora tornaram-se parceiros em muitas outras aventuras, desvendando os segredos escondidos nas profundezas da Mata Atlântica.
Habilidades[]
Os Zaoris são seres mágicos do folclore brasileiro de origem arabe, que tem o poder de ver riquezas enterradas na terra, como ouro, prata, bronze, cobre, petróleo, diamantes e pedras preciosas. Seus olhos brilhantes e de cores que não existem na natureza, o que lhes permite enxergar através de paredes, a distâncias longas e durante a noite
Galeria[]
Referências[]
- Luís da Câmara Cascudo. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1954
- Luís da Câmara Cascudo. Geografia dos mitos brasileiros. 2ª ed. São Paulo, Global Editora, 2002, p.350-352
- Carlos Teschauer, padre. "A lenda do ouro". Revista do Instituto Histórico do Ceará, v.25, p.3-49, Fortaleza, 1911 | "A lenda do ouro", resumo. Almanaque do Globo, Porto Alegre, 1927, p.113
- João Simões de Lopes Neto. Contos gauchescos. 9ª ed. Porto Alegre, Editora Globo, 1976 (Coleção Província)
- ALVES, Januária. Abecedário de Personagens do Folclore Brasileiro. 1ª Edição. São Paulo: FTD: SESC Edições, 2017.
- ALVES, Maria José. Lendas e Mitos do Brasil. Belo Horizonte: UFMG. 2007.
- BAVARESCO, A. ; BORGES, L. ; WEIZENMANN, Mateus. Recepção da tradição indígena na literatura de Simões Lopes Neto. Razão e Fé , v. 7, p. 163, 2005.
- CASCUDO, Câmara. Geografia dos Mitos. 1ª ed. São Paulo: Global editora. 2012.
- GRANADA, Daniel. Reseña Histórico-Descriptiva de Antiguas y Modernas Supersticiones del Río de La Plata. Montevidéu: A. Barreiro y Ramos, 1896.
- REIS, Nelson Ricardo. Augusto Meyer: o discurso poético na crítica literária. O eixo e a roda: v. 19, n. 1. Belo Horizonte: UFMG. 2010.
- SOUZA, Laura de Mello e. O diabo e a terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1986
- NETO, Simões L. Contos Gauchescos e Lendas do Sul. Porto Alegre: L&PM Editores. 2013.
- https://www.jornalnopalco.com.br/2015/05/01/zaoris-recupera-lendas-do-folclore-gaucho/
- https://colecionadordesacis.com.br/2017/11/19/folclore-brasileiro-de-a-a-z-entrevista-com-januaria-cristina-alves/
- https://www.garotasgeeks.com/artista-ilustra-alfabeto-de-mitos-lendas-e-folclore-brasileiro/zaori/
- https://mitosbrasileiros.openbrasil.org/2014/08/zaoris.html?m=0
- https://www.grimoriotropical.com.br/post/zaori-d-d-5%C2%AA-ed-besti%C3%A1rio-tropical-pag-012


























































